Após polêmica, o
Ministério da Educação (MEC) revogou a portaria que deixava de avaliar
as crianças de 7 anos, em fase de alfabetização. O documento que tornou a
medida sem efeito foi assinado pelo próprio ministro Ricardo Vélez
Rodríguez. Ele não foi consultado sobre a mudança, noticiada com
exclusividade ontem pelo Estado.
Por causa
disso, Veléz demitiu o presidente do Instituto Nacional de Pesquisas
Educacionais (Inep), Marcos Vinicius Rodrigues. Os dois discutiram ontem
rispidamente em reunião que tratou da desistência em avaliar o nível de
alfabetização das crianças.
A demissão
ainda não foi confirmada oficialmente e estaria aguardando decisão do
presidente Jair Bolsonaro. Rodrigues é ex-professor da Fundação Getulio
Vargas e foi indicado pelo grupo de militares de reserva que auxilia o
governo desde a transição.
Um ofício
enviado ao Inep, obtido pelo Estado, mostra o pedido do secretário de
Alafabetização, Carlos Nadalin, sobre a mudança. A razão alegada por ele
foi a política nacional de alfabetização que estava sendo discutida no
MEC. O texto diz que “a referida avaliação, no atual formato, não
corresponde às necessidades da política que será implementada”. Além
disso, informa que é preciso rediscutir se as crianças serão avaliadas
no 2.o ano do fundamental.
Nadalim é
considerado do grupo que tem conexões com o filósofo Olavo de Carvalho,
guru dos bolsonaristas. Ele é dono de uma escola em Londrina, a Mundo
Balão Mágico, e antes de ir para o MEC divulgava vídeos pela internet de
como alfabetizar as crianças.
Foi ele também
quem elaborou a minuta do decreto revelada pelo Estado na semana passada
sobre uma política de alfabetização no País. O documento, assim como
Nadalim, defende o método fônico, considerado antiguado e limitador por
muitos especialistas. A minuta do decreto do MEC também previa que as
crianças estejam alfabetizadas até o dim do 1. ano do fundamental.
Vélez também
teria pedido a demissão de Nadalim e aguardava decisão do presidente
Jair Bolsonaro. Já a secretária de Educação Básica, Tânia Almeida, pediu
seu desligamento depois do episódio. Mesmo sendo a responsável pela
área, ela não tinha sido informada sobre a mudança na prova. Tânia e sua
equipe mais próxima discordam da medida e deixavam isso claro nas
discussões do grupo de trabalho sobre alfabetização no MEC.
A decisão do
MEC de segunda-feira foi recebida com muitas críticas por secretários de
educação e pela comunidade educacional em geral.
A alfabetização
é considerada o momento mais importante da educação de uma criança.
Especialistas enfatizam que um aluno alfabetizado de maneira
insuficiente dificilmente terá condição de continuar aprendendo na
escola.
Sem avaliação
neste ano, perdia-se a possibilidade de comparação para saber se as
crianças estão melhorando ou piorando. A alfabetização havia sido medida
em 2014 e 2016 e deveria voltar só em 2021.
O governo trabalhão em ação.
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