Um ataque a tiros em duas mesquitas na cidade de Christchurch, na
Nova Zelândia, deixou 49 mortos nesta sexta-feira (15, noite de quinta
no Brasil). O número de mortos foi divulgado por Mike Bush, comissário
de polícia da Nova Zelândia. Há ainda 48 feridos.
Inicialmente, a primeira-ministra do país, Jacinda Ardern informou que 40 pessoas tinham morrido, enquanto 27 estavam feridas. .
Também de acordo com Bush, quatro pessoas —três homens e uma mulher—
foram detidas por terem participado da ação, mas outros envolvidos ainda
podem estar soltos.
Por isso, ele recomendou que a população da cidade permaneça em casa até que a situação esteja completamente controlada.
“A polícia está respondendo com toda a sua capacidade para gerenciar a
situação, mas o ambiente de risco continua extremamente alto”, afirmou.
“Quero pedir a qualquer um que estivesse pensando em ir a uma
mesquita em qualquer lugar da Nova Zelândia para não ir, para fechar
suas portas até que recebam um novo aviso”, disse Bush.
Mike Bush informou que todas as escolas de Christchurch fecharam as
portas e que toda a região central da cidade entrou em toque de
recolher.
Testemunhas afirmaram que por volta das 13h40 local (21h40 de quinta
no horário de Brasília) um homem branco vestido com trajes militares
invadiu a mesquita Masjid Al Noor, no centro da cidade, e começou a
atirar.
Pessoas que estavam no local afirmaram que tiveram que sair correndo
para escapar dos ataques, muitos descalços —é costume tirar os sapatos
dentro da mesquita .
As testemunhas descreveram ao jornal local New Zealand Herald um cenário com muito sangue e com diversos corpos.
O atirador teria percorrido todas as salas do local, disparando
contra os frequentadores, que tentavam fugir. Mais de 200 pessoas
estavam no local no momento que os tiros começaram, incluindo um time de
críquete de Bangladesh, que conseguiu escapar.
Depois houve registros de tiros em uma segunda mesquita, que não teve
o nome divulgado. A polícia não descartou a hipótese de que outros
locais também tenham sido alvo de ataques.
Segundo o jornal The New York Times, um dos atiradores seria de
origem australiana. Em um manifesto online divulgado pelo Twitter, ele
elencou nomes de líderes racistas americanos como seus heróis, descreveu
o ataque como um ato terrorista e disse que transmitiria a ação pela
internet.
A polícia neozelandesa confirmou que o atirador filmou sua ação e a divulgou nas redes sociais.
O vídeo postado no YouTube mostra uma pessoa carregando um fuzil em
um carro. Em determinado momento, ele chega até uma mesquita, entra no
local e começa a disparar contra os frequentadores.
As autoridades neozelandesas criticaram a divulgação das imagens e
anunciaram que tomariam providências para tirar as imagens do ar.
Ardern, afirmou que o episódio é um dos mais tristes da história do
país. “Este é um dos dias mais sombrios da Nova Zelândia. Claramente o
que aconteceu aqui é um ato impressionante e sem precedentes de
violência”, afirmou ela em entrevista coletiva. Ela não quis comentar se
a ação poderia ser considerada um crime de ódio.
Segundo a primeira-ministra, “muitas das pessoas diretamente afetadas
pelo ataque podem ser imigrantes, podem ser refugiados, eles
escolheram fazer da Nova Zelândia sua casa”.
A cidade de Christchurch é a terceira maior do país, com uma
população de 404 mil habitantes e fica 200 km ao sul da capital,
Wellington.
Casos semelhantes são pouco comuns no país. O último massacre a tiros
que se tem registro na Nova Zelândia aconteceu em 1990, quando 13
pessoas foram mortas por um atirador.
Mesquitas se tornaram alvo de ataques em diversos países
recentemente. Em junho de 2017, um homem foi morto e dez ficaram feridos
quando uma van avançou sobre um grupo que estava em uma mesquita no
norte de Londres.
Ataques...
REUTERS e AFP / FOLHA
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