A Mangueira deu uma aula de história na Sapucaí, na madrugada desta
terça-feira (5). Mas foi uma história alternativa, com destaque para
heróis da resistência negros e índios em vez dos personagens
tradicionais das páginas de livros escolares.
- O segundo carro apresentou uma releitura do Monumento às Bandeiras, em São Paulo. A obra apareceu manchada de sangue, em referência à forma violenta com a qual os bandeirantes exploravam o Brasil
- Uma ala com passistas, a bateria e outras partes do desfile deram destaque às rebeliões e fugas de escravos
- O samba citou Marielle Franco, vereadora do PSOL morta a tiros em março do ano passado. A arquiteta Mônica Benício, viúva de Marielle, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador Tarcísio Motta (PSOL) desfilaram à frente da última ala.
Com 3500 componentes, a escola verde e rosa apresentou heróis como o
guerreiro Sepé Tiaraju, que tentou evitar o massacre dos Guaranis pelas
tropas de Portugal e da Espanha.
O enredo “História pra ninar gente grande” foi assinado pelo
carnavalesco Leandro Vieira e contado em 24 alas e cinco alegorias. Em
busca de seu 20º título, a Mangueira trouxe uma bandeira do Brasil com
as cores da escola, no final do desfile.
A comissão de frente buscou desconstruir a imagem de figuras históricas
como a Princesa Isabel, o bandeirante Domingos Jorge Velho, o Marechal
Deodoro da Fonseca, o Dom Pedro I e Pedro Álvares Cabral.
Foram recontadas batalhas entre índios e portugueses, com tribos
dizimadas. Uma das alas mostrou os índios Cariris e sua luta para que o
Nordeste não fosse invadido, em um conflito de mais de 50 anos.
Um grupo de musas da comunidade chamou a atenção por representar
importantes mulheres negras como Acotirene, matriarca do Quilombo dos
Palmares, e Adelina Charuteira, da campanha contra a escravidão no
Maranhão.
Outro momento de representação feminina foi um dos carros que foi empurrado apenas por mulheres.
O quarto carro contou a história de Chico da Matilde. O jangadeiro
negro lutou para impedir o embarque de escravos no Ceará e foi
importante para abolição da escravidão na região.
As alas seguintes apresentaram caricaturas que caçoaram de Pedro
Álvares Cabral (apresentado como presidiário) e Pedro I (montado em uma
mula).
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