O presidente interino, general Hamilton Mourão, afirmou nesta
quinta-feira (21) que a prisão do ex-presidente Michel Temer deixa um
“ruído” na relação com o Congresso e que o governo tem “preocupação
total” em garantir a base necessária para aprovação da proposta.
“A preocupação é total [com base] e nós vamos ter que trabalhar lá
dentro do Congresso. É a conquista de corações e mentes”, disse Mourão
ao deixar o Palácio do Planalto.
Por se tratar de uma PEC (proposta de emenda à Constituição), o
projeto que modifica as regras de aposentadoria para o regime geral
requer um apoio mínimo de 308 deputados, em votação que é feita em dois
turnos. Já para os militares, cujas mudanças serão feitas por meio de
lei ordinária, é necessária apenas maioria simples para aprovação.
O general assumiu a Presidência da República interinamente devido à
viagem de Jair Bolsonaro ao Chile, para onde ele partiu na hora do
almoço.
Ao comentar o impacto da prisão de Temer nesta quinta para a relação
do Congresso e da aprovação da reforma, Mourão reconheceu haver ruído,
mas disse que isso pode passar em breve.
“Tem ruído, vai ficar esse ruído, mas vamos aguardar, daqui a pouco
pode ser que ele seja solto. Vamos ver o que vai acontecer”, disse.
Questionado sobre se esperava que o ex-presidente será liberado da
prisão, Mourão disse que “daqui a pouco, volta e meia um ministro
qualquer dá um habeas corpus para ele”.
O presidente interino minimizou ainda as críticas feitas por
parlamentares ao texto que modifica a regras de aposentadoria para
militares.
Segundo ele, os integrantes das Forças Armadas contribuíam com uma
parte maior do que o governo e o que foi feito com o texto é um ajuste.
“Tínhamos um sistema de proteção assistencial que era deficitário,
ele passa a ser superavitário, o que está acertado: o governo dá uma
parte e os militares dão outra parte. E a parte que os militares dão, se
vocês olharem aquele gráfico que foi dado, ela é anualmente maior do
que a contraparte do governo. Então a consequência é um sistema
superavitário”, disse.
Segundo ele, essa percepção de desigualdade se deu por inicialmente
governo falou em economia na ordem de R$ 90 bilhões, prevendo apenas as
regras de aposentadoria que seriam revistas.
Na conta final, que levou em conta o aumento de gastos com a
reestruturação de carreira da categoria, a equipe econômica estima uma
economia de R$ 10,5 bilhões.
“Se for falado naqueles termos que foram falados anteriormente, vai
economizar R$ 90 bilhões, realmente ela não economiza isso ai, mas ela
organiza os sistema, que não era economizado”, disse.
Mourão disse ainda que a reforma da Previdência é apenas “a boca da
garrafa” dos problemas que o Brasil precisa enfrentar na área econômica.
“Ela não vai ser a solução de todos os males do país, em absoluto,
mas ela passa, eu tenho repetido, confiança, ela passa confiança para os
investidores não só aqui do Brasil, como os internacionais. Ela coloca
estabilidade e, com investimento, a gente começa a colocar estrada,
ferrovia, e ao mesmo tempo começa a contratar gente para trabalhar, cai o
desemprego. É a famosa roda da economia.”
Depois de alfinetadas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
ao ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) na quarta-feira
(20), Mourão disse que as divergências foram resolvidas.
Maia disse que o ministro era “funcionário de Bolsonaro” e estava
“confundindo as bolas” ao cobrar do dirigente da Câmara a celeridade em
um projeto de sua autoria.
“Eu acho que o presidente Bolsonaro depois deu uma telefonada para o presidente Rodrigo e eles se acertaram”, disse.
Maia é o principal articulador da reforma na Câmara e tem se mostrado
irritado com as críticas que vem recebendo por meio das redes sociais
de apoiadores de Bolsonaro e Moro, que o acusam de ser integrante da
“velha política”.
Na visão do deputado, o governo precisa ajudá-lo a defender a reforma e não endossar as críticas dos eleitores.
Mourão na pauta.
Folhapress
Registe-se aqui com seu e-mail

.gif)


ConversãoConversão EmoticonEmoticon