Associar presidencialismo de coalizão à corrupção, como fazem os bolsonaristas, “é um mito, uma bobagem sem tamanho”, diz o cientista político Fernando Limongi, professor aposentado da USP que dá aulas na escola de economia da Fundação Getulio Vargas.
Corrupção, segundo ele, não é uma consequência inevitável da
coalizão, prática que presidentes adotam para ter maioria no Congresso,
oferecendo cargos a partidos para integrarem uma aliança.
Limongi cita a Dersa como exemplo de corrupção sem coalizão. A estatal paulista de estradas está envolvida numa série de escândalos em governos tucanos que não têm relação com partidos.
O discurso de Bolsonaro contra essa prática e a defesa de alianças
com bancadas temáticas, como as da bala e da Bíblia, revela o despreparo
do presidente, de acordo com o cientista político.
Bancadas temáticas não têm poder de definir a
agenda de votações no Congresso; só partidos podem fazer isso. “É muito
pouco provável que o governo seja capaz de governar sem costurar
acordos com partidos. É assim no mundo inteiro. Partidos organizam o
processo político”, disse em entrevista por email à Folha.
Segundo ele, o problema de Bolsonaro é mais grave do que seu discurso
contra partidos: o presidente não entendeu que é preciso partilhar o
poder para governar.
Analista na pauta.
FOLHAPRESS
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