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* Em dois anos, sindicatos do RN perdem 67 mil associados.

Um levantamento da fundação Perseu Abramo, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra uma diminuição em dois anos de 67 mil trabalhadores associados a  sindicatos no Rio Grande do Norte. É uma das maiores quedas proporcionais ao número de empregados entre os estados brasileiros, ficando atrás somente de Roraima e Paraná. O período analisado é entre 2015 e 2017, a partir da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).

Segundo os dados compilados, a quantidade de associados em sindicatos no estado passou de 268 mil em 2015 para 200 mil em 2017. Proporcionalmente, 3,7% dos trabalhadores se retiraram dos sindicatos no período. Em 2017, a massa de sindicalizados significou 15,5% dos trabalhadores no Rio Grande do Norte, contra 19,2% no período anterior. A taxa local ainda é superior à nacional, de 14,4%. A variação é que foi maior: entre 2015 e 2017, 1,5% dos trabalhadores do Brasil se desassociaram dos sindicatos.

No levantamento da Perseu Abramo, os pesquisadores ressaltam que o total de ocupados no país era praticamente o mesmo entre o último trimestre de 2015 (92,2 milhões de pessoas no Brasil) em comparação ao último de 2017 (92,1 milhões de pessoas), segundo a Pnad Contínua Trimestral. Eles não especificam, entretanto, o número de trabalhadores em empregos formais (que possuem representação sindical) e informais.

José Teixeira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do RN (Sinte), com 50 mil associados, e filiado a Central Única dos Trabalhadores (CUT), afirma que a queda de filiados se deu a partir da geração de trabalhadores mais nova e afeta principalmente nos sindicatos de trabalhadores de empresas privadas, principalmente depois das mudanças da nova legislação trabalhista, em 2017. “Os sindicatos públicos não são tão afetados quanto os trabalhadores privados, então não sentimos essa queda”, explica.

Um dos pontos alterados da nova legislação é o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical. Na visão de Eduardo Martins, presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio do Estado (Sicomerciorn), a retirada dessa contribuição gera um desinteresse por parte dos trabalhadores de conhecer as atividades dos sindicatos. “Hoje, essa contribuição não é mais descontada do contracheque, você tem que pagar em boleto. Ou seja, muito trabalhador novo não tem interesse de conhecer o que é essa contribuição, o que é o sindicato”, afirma.

Entretanto, Eduardo não considera que a queda é um efeito exclusivo da reforma trabalhista. Ele acredita que hoje as empresas buscam aproximar o funcionário,  e estes são mais “conciliadores” hoje. “A empresa chama ele de ‘colaborador’, ‘líder’, é uma estratégia para ser mais conciliadora. A nova geração entrou nessa desestimulação que é feita pelos empresários em torno dos sindicatos e acabam sendo mais conciliadores de classe”, afirma. Se trata de um antagonismo à chamada “luta de classes”, termo denominado por Karl Marx que se refere a uma tensão de interesses entre duas classes sociais diferentes.

Ao contrário do Sinte, o sindicato presidido por Eduardo tem como filiados trabalhadores de empresas privadas. Hoje, eles possuem 2 mil associados. Esse número chegou a ser cinco vezes maior dez anos atrás, quando haviam 10 mil. Uma consequência dessa queda é a diminuição das receitas dos sindicatos. Em reação, hoje existem campanhas nacionais pela sindicalização. A estratégia é mostrar que os sindicatos são responsáveis por conquistas trabalhistas, como aumento de salário, e asseguram direitos coletivos.
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