Ao analisar os dados de
quatro pesquisas mensais feitas até agora, a diretora-executiva do Ibope
Inteligência, Marcia Cavallari, afirma que, de janeiro a abril, as
taxas de avaliação do governo Jair Bolsonaro como ruim e péssimo subiram
em todas as sondagens. Mas as taxas de ótimo e bom caíram só até março,
e ficaram estáveis em abril, o que poderia indicar neste caso um piso
para as avaliações.
“A insatisfação aumenta, mas a aprovação pode estar próxima de um
piso. As próximas pesquisas vão mostrar o tamanho desse núcleo que mais
aprova o governo”, diz ela.
Governos recém-empossados despertam otimismo entre os eleitores,
mesmo entre os que não votaram no vencedor. O que é raro, indica a
análise das pesquisas do Ibope, é a “lua de mel” durar tão pouco. Pelos
dados, o presidente Jair Bolsonaro não conseguiu manter por muito tempo a
janela de boa vontade, o que é afirmado até por aqueles que votaram no
candidato do PSL no ano passado.
O advogado Antônio Carlos Mello, de Lins, no interior paulista, diz
ter votado em Bolsonaro para romper com um ciclo político encabeçado nos
últimos anos por PT e PSDB. Neste sentido, viu como positivas as
escolhas dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Justiça e
Segurança Pública, Sérgio Moro. “O Bolsonaro estancou aquela sangria de
dar verba para parlamentar a torto e a direito. Isso também foi bom.”
O que tem incomodado o apoiador de Bolsonaro é a participação dos
filhos no governo. “Por mais que o Carlos Bolsonaro goste do pai, ele
não pode esquecer que é parlamentar (vereador) do Rio, tem de cuidar do
trabalho dele lá. Ele fica interferindo e isso atrapalha”, afirma. “Se
ele quiser ir para Brasília, que espere mais quatro anos e tente”,
completou Mello.
Confiança
Com a queda da avaliação positiva e da aprovação ao modo de governar,
caiu também a confiança na figura do presidente – 51% em abril, ante
62% em janeiro. Moradora de Salvador, a tecnóloga Dilmara Serafim optou
por Bolsonaro no segundo turno das eleições do ano passado, mas diz que
vê no governo um “despreparo administrativo”. Ela pondera, no entanto,
que ainda é cedo para uma “ideia definitiva”. “Vejo que tem boa intenção
e espero que, com mais tempo, ele adquira capacidade.”
Outro segmento em que Bolsonaro perdeu mais apoio do que na média
nacional é o de moradores de capitais e de cidades com mais de 500 mil
habitantes, nas quais mais de três a cada dez apoiadores pularam do
barco no período. O presidente se sai melhor em municípios pequenos e do
interior, com 37% de avaliação positiva em ambos os casos.
Eleitor de Bolsonaro no primeiro e no segundo turnos da eleição, o
empresário paulistano Roberto Guariglia afirma não estar satisfeito com o
que vê, principalmente na economia. Apesar de a escolha do candidato
ter sido feita pela “falta de opção”, como ele define, o empresário
enxergou motivos para depositar o voto em Bolsonaro para além da
motivação de “não continuar com o pessoal do PT no poder”.
“Foi o único que apareceu nessa safra de políticos novos que
conseguiria encarar o cargo. Já tinha um histórico político que poderia
ajudar no trâmite com o Congresso, e eu achava que seria capaz de fazer
essa retomada econômica”, diz.
Ao fim do quarto mês de governo, a avaliação de Guariglia se
inverteu. “Estou me sentindo abandonado, vejo que não vai dar em nada”,
diz. “A reforma da Previdência é importante, mas existem outras coisas
que poderiam estar em andamento, como a redução da taxa de juros e o
apoio do BNDES para pequenas empresas.” As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo.
Bolsonaros na pauta.
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