O governo não conseguiu barrar o
movimento de líderes do centrão na Câmara que querem atrapalhar a
votação da reforma da Previdência, prevista para terça-feira (16) ou
quarta-feira (17).
O Planalto
quer que a análise da proposta na CCJ (Comissão de Constituição e
Justiça), primeira etapa do texto na Casa, seja concluída antes da
Páscoa, e fez ofensiva para tentar demover parlamentares de atrasar os
prazos.
O centrão reúne
partidos independentes ao governo do presidente Jair Bolsonaro, como PP,
PR, DEM, PRB, Solidariedade e Podemos. Líderes desse grupo querem que a
CCJ vote a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Orçamento
impositivo antes da reforma da Previdência.
Integrantes
desses partidos foram procurados pelo líder do governo na Câmara, Major
Vitor Hugo (PSL-GO). O interlocutor do presidente, no entanto, não
obteve sucesso.
"A PEC do Orçamento impositivo é prioridade", disse, nesta quinta-feira (11), o líder do PR, Wellington Roberto (PB).
"O
Podemos quer garantir a aprovação da PEC do Orçamento impositivo, que é
a proposta consensual", afirmou o líder da sigla, José Nelto (GO).
Em
meio ao embate entre Câmara e Palácio do Planalto, deputados
desenterraram esse texto de 2015 que engessa ainda mais o Orçamento
federal, dando mais poder para os parlamentares, que elaboram o plano de
gastos públicos para cada ano.
Vitor
Hugo e a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP),
tentam garantir que a PEC da reforma da Previdência seja aprovada na CCJ
até terça.
"Não quero
demover o centrão a tentar votar a PEC do Orçamento impositivo, quero
construir um acordo para que a CCJ aprove as duas PECs na próxima
semana. O governo não quer que a votação da reforma da Previdência seja
atrasada", afirmou Vitor Hugo.
Por
causa do feriado de Páscoa, há risco de não haver quórum para votar a
proposta. Integrantes do centrão e da oposição a Bolsonaro, portanto,
podem trabalhar em conjunto para que o texto que altera as regras de
aposentadorias seja votado apenas depois da Páscoa.
Nos
últimos dias, Bolsonaro se reuniu com líderes e presidentes de partidos
em busca de formar sua base de apoio no Congresso, mas ainda enfrenta
dificuldades para convencê-los a votar a favor dos interesses do
governo.
A postura de
Bolsonaro durante as conversas foi criticada. Muitos deputados afirmam
que ele se comportava como um assessor, e não como presidente da
República. Segundo parlamentares, ele dava opiniões que eram em seguida
negadas por seus ministros de articulação política, por exemplo.
Nesta
terça (9), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que se
afastou da articulação da reforma depois de brigas com Bolsonaro, fez um
apelo aos líderes partidários para que não atrapalhassem a votação na
comissão.
Os partidos toparam trabalhar para que o mérito do texto não seja mexido, mas têm se movido ainda para atrapalhar os prazos.
Vai ser no detalhe...
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