Desde o dia 25 de janeiro, quando uma barragem da Vale se rompeu na
mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), a Polícia Civil de Minas
Gerais já pediu a retirada de 17 nomes da lista de desaparecidos. A
tragédia deixou 224 mortos, até o momento.
Três destes nomes foram retirados da lista na última sexta-feira (05).
No final de semana os desaparecidos passaram de 75 para 69. Mais três
mortos foram identificados.
Segundo a Polícia Civil, dos 17 nomes retirados, 11 tinham erros de
grafia, estavam duplicados ou eram de pessoas que estavam vivas e não
haviam comunicado às autoridades; seis foram por estelionato. Em um dos
casos identificados, um homem vindo de São Paulo alegava ter perdido o
irmão na tragédia.
Ele chegou a ter DNA coletado para ajudar na identificação do corpo,
conseguiu passagens, hospedagem e alimentação custeados pela Vale e
estava prestes a encaminhar um requerimento para pedir o pagamento de R$
100 mil feito às famílias que perderam parentes na tragédia.
O irmão dele, porém, foi localizado trabalhando como vendedor
ambulante em Praia Grande (no litoral paulista). A polícia descobriu
ainda que o falso desaparecido era foragido da Justiça de Santa
Catarina, onde tinha um mandado de prisão aberto por homicídio. Os dois
irmãos foram presos.
Em outro caso, uma mulher registrou o irmão morto desde 2010 como uma
das vítimas. A polícia abriu inquérito por tentativa de estelionato.
“As pessoas que foram presas em flagrante delito nessas tentativas de
fraude são pessoas de outros estados. Pessoas que tiveram passagens
aéreas, hospedagem, alimentação, tudo financiado pela Vale. Vieram de
longe para cometer a fraude”, afirma a delegada Ana Paula Gontigo,
titular em Brumadinho e que investiga os nomes nas listas de
desaparecidos.
De acordo com a delegada, o fato de o Brasil não ter experiência para
lidar com grandes tragédias pode ter facilitado a ação dos golpistas.
Como ninguém sabia quantas pessoas poderiam ter sido mortas ou
atingidas pela lama após o rompimento, isso abriu oportunidade para que
inserissem os nomes falsos.
Quase 70 dias depois do desastre, com a lista diminuindo, a polícia
pretende investir mais no trabalho de investigação sobre cada um dos
desaparecidos. Entre os 69 nomes, há 18 pessoas cujos familiares ainda
não compareceram ao Instituto Médico Legal (IML), em Belo Horizonte,
para fazer a coleta de DNA para a identificação das vítimas.
“O trabalho da Polícia Civil ajuda com o trabalho dos Bombeiros,
porque esse número de pessoas que ainda faltam ser encontradas
influencia diretamente na logística e no planejamento da execução de
atividades deles nas buscas”, diz a delegada.
Ô Brasil cheio de pilantragem
FOLHAPRESS
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