Na sexta-feira, 5, Bolsonaro já havia sinalizado que poderia
demiti-lo. A saída de Vélez é a segunda baixa na Esplanada dos
Ministérios em pouco mais de três meses de governo. Em fevereiro,
Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) foi demitido após
entrar em rota de colisão com o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ),
filho do presidente.
Neste mesmo período, o MEC registrou nada menos que dezessete baixas em cargos de alto escalão. Reportagem publicada por VEJA mostrou
que, sob o comando de Vélez, o ministério tornou-se o epicentro de um
pandemônio no governo federal, com brigas ideológicas e projetos
emperrados. Enfraquecido, Vélez passou a ser bombardeado por evangélicos, militares e partidos políticos.
Com a demissão iminente, o escritor Olavo de Carvalho, “guru” do
governo Bolsonaro e a quem é reputada a indicação de Vélez Rodríguez,
virou-se contra o ministro: “Não vou fazer nada contra ele, mas garanto
que não vou lamentar se o botarem para fora do ministério”, escreveu.
O primeiro desgaste da pasta sob o comando de Vélez aconteceu logo no início do governo, com a publicação de um edital
que alterava as regras para compras de livros didáticos. O documento
previa que as obras não precisassem mais de referências bibliográficas e
afrouxava o controle de erros.
O texto também revogava itens que previa conteúdos sobre diversidade
cultural brasileira e violência contra mulheres. O edital foi anulado no
mesmo dia em que foi divulgado (9 de janeiro) – o ex-ministro culpou o
governo anterior, de Michel Temer (MDB). Vélez exonerou o chefe de
gabinete do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
Rogério Fernando Lot, e outras nove pessoas que ocupavam cargos
comissionados no órgão.
Outras demissões também mostravam a falta de rumo do Ministério da
Educação. O economista Murilo Resende Ferreira foi indicado para o cargo
de coordenador do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no dia 16 de
janeiro e demitido um dia depois, após uma acusação de plágio ter sido
revelada. Funcionários do ministério de médio e baixo escalões
identificados como “petistas” também foram afastados.
Após entrevista
a VEJA, Vélez voltou a ser questionado por uma declaração que deu ao
defender a volta da disciplina de educação moral e cívica ao currículo
escolar: “O brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis,
rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode
carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertida na
escola”.
Em outro episódio, o ministro enviou cartas a diretores de escolas
pedindo que eles filmassem alunos cantando o Hino Nacional e
determinando a leitura de mensagem com o slogan de campanha de Bolsonaro
“Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Após críticas e sob o
risco de ter de responder por improbidade administrativa, voltou atrás.

Esse é idiota sem precedente.
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