Após a passagem de Jair Bolsonaro pela Casa Rosada, na
semana passada, o panorama eleitoral na Argentina ficou mais estranho
para o anfitrião daquela visita, o atual presidente argentino Maurício
Macri.
Em campanha pela reeleição, Macri, e ainda sem definir quem o
acompanhará na chapa, o mandatário portenho sofreu uma abrupta queda na
pesquisa realizada pela consultora Hugo Haime e Associados. Na medição
anterior, em maio, Macri tinha 36% das intenções, mas na pesquisa
divulgada neste fim de semana ficou com 28,5%.
Macri ainda viu a candidatura de sua rival Cristina Kirchner subir
três pontos, e ficar com 41%. Um crescimento que traz consigo duas más
notícias para o presidente: 1) porque Cristina é vice na chapa com seu
ex-ministro Alberto Fernández, e havia dúvidas sobre se ela conseguiria
transferir a ele os votos, mas agora parece que está claro que sim, e 2)
a candidatura opositora aparece superando a casa dos 40%, que é o
suficiente para uma vitória já no primeiro turno, segundo a lei
eleitoral argentina.
A pesquisa foi feita nos mesmos dias da visita de Bolsonaro à
Argentina, razão pela qual é difícil ter certeza se há algum efeito,
positivo ou negativo, da influência do apoio explícito dado pelo
presidente brasileiro ao colega, ou se é só mais um pouco da decepção do
povo argentino com a atual situação do país, que vive uma inflação de
mais de 40%, desemprego de quase 10% e um país quase quebrado, com uma
dívida de 56 bilhões de dólares com o FMI.
De qualquer forma, chama a atenção o fato de que não é a primeira vez
que uma visita de Bolsonaro gera efeitos eleitorais: após as duas
passagens do presidente brasileiro pelos Estados Unidos – a primeira em
Washington, para ser recebido por Donald Trump, a segunda a Dallas, após
ser rechaçado em terras nova-iorquinhas –, um setor do Partido
Democrata resolveu lançar a pré-candidatura presidencial do prefeito de
Nova York, Bill de Blasio, que ganhou força após sua postura firme em
favor dos direitos humanos e contra a realização de uma homenagem a
Bolsonaro no Museu de História Natural.
Pense num cabo eleitoral bom seu moço!
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