A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia
Vascular do Rio Grande do Norte – SBACV-RN vem, em razão do anúncio do
fechamento do Hospital Estadual Ruy Pereira dos Santos, publicamente
externar seu repúdio, em face da decisão da Secretaria Estadual de Saúde
Pública – Sesap, de fechar o único hospital referência no Estado para
cirurgias vasculares e principal destino de pacientes em tratamentos
para problemas como o “pé diabético”.
Tal atitude, além de arbitrária, revela uma
decisão tomada sem ao menos conversar com a classe médica à frente do
atendimento desses pacientes, pois o tratamento do “pé diabético” não se
limita a uma internação, uso de antibiótico e aguardar por uma
cirurgia. O tratamento dessa patologia passa desde a prevenção da lesão,
com identificação do pé de alto risco até a revascularização do membro
isquêmico, e não deve se limitar a fazer debridamentos e amputações,
aumentando a legião de amputados e os custos sociais envolvidos nesse
processo.
A proposta da Sesap de distribuir os leitos
existentes no Hospital Ruy Pereira em hospitais da rede estadual de
saúde pode ser desastrosa, pois a revascularização em um paciente para
prevenir amputação requer uma arteriografia diagnóstica, exame que
atualmente só é feito no Hospital Ruy Pereira. Nenhum dos hospitais
citados pela Sesap tem estrutura para fazê-lo. Atualmente 25 exames são
feitos mensalmente no Ruy Pereira.
Para a SBACV-RN, a preservação e o salvamento do
membro é o mais importante. Claro que as amputações são realizadas para
resguardar as vidas, mas a maneira que essa situação está sendo
conduzida nos faz pensar que estamos voltando no tempo, pelo menos uns
20 anos, época em que se faziam apenas amputações e secundarizava a
qualidade de vida dos pacientes. O que a Sesap está fazendo é um
retrocesso no cuidado com a saúde desses pacientes que têm assistência
apenas na capital.
De acordo com o IBGE, o número de pacientes
diabéticos no Rio Grande do Norte chega a 350 mil pessoas, ou seja,
10,1% da população potiguar tem diabetes, e que, desses, metade não sabe
que tem a doença. Segundo dados do Hospital Ruy Pereira, no ano passado
foram realizadas 242 amputações, o que revela uma média de 4,6
amputações por semana.
Em razão do exposto, a Sociedade Brasileira de
Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio Grande do Norte – SBACV-RN repudia
com veemência tal decisão, expondo para toda a sociedade a gravidade
dessa decisão, esperando que o Governo do Estado busque uma solução mais
eficaz, responsável e humanizada sob pena de aumentar ainda mais as
estatísticas de pacientes amputados, mal assistidos ou vítimas da falta
de uma política adequada para tratamento dos pacientes vasculares no
Estado.
Hospital Ruy Barbosa.
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