Ao longo dos séculos, o Santo Sudário esteve envolto em polêmica. Já
foi (e ainda é) objeto de adoração, mas também de grande contestação e
controvérsia. A suposta mortalha que teria envolto o corpo de Cristo
após a crucificação passou por diversos estudos científicos com o
intuito de determinar se é, ou não, autêntica. Em 1988, cientistas
dataram de quando é o pano — mas, agora, um artigo afirma que o
procedimento precisa ser refeito.
A pesquisa original, publicada em 1989 na revista Nature, concluiu
através de datação por radiocarbono que o sudário foi confeccionado
entre os anos de 1260 e 1390. Teria sido costurado no período medieval,
um milênio e três séculos após a morte de Jesus. Mas pesquisadores da
França e da Itália contestam os resultados. Segundo eles, os dados podem
estar errados.
Desde o século 14 até 1983, a relíquia pertenceu à Casa de Savoia,
importante família da nobreza italiana que tinha como base a cidade de
Turim, no Piemonte, próxima dos Alpes e da França. Quando a Itália se
unificou, foram eles que assumiram o trono do país. Na década de 80, a
mortalha foi doada ao Vaticano, que a mantém guardada a sete chaves.
Cinco anos depois, cientistas tiveram uma das poucas chances de
examiná-la.
Três instituições de pesquisa foram autorizadas a conduzir seus
próprios estudos de datação: a Universidade do Arizona, nos Estados
Unidos, o Instituto Federal de Tecnologia, na Suíça, e a Universidade de
Oxford, no Reino Unido. Todos os grupos concluíram que a fabricação
ocorrera naquele mesmo intervalo de tempo na Idade Média. Porém, os
dados que embasaram essa afirmação não foram revelados.
Em 2017, uma equipe liderada pelo pesquisador Tristan Casabianca
entrou na Justiça para pedir acesso a essas informações — e conseguiu.
Eles passaram os últimos dois anos avaliando os dados originais das
pesquisas e comparando com os resultados que saíram na Nature. A análise
estatística revelou falta de homogeneidade nas informações, e sugeriu
que o procedimento deve ser feito de novo para cravar com confiança a
data do sudário.
Segundo os pesquisadores, o estudo de 1988 é falho, porque utilizou
somente um fragmento das beiradas do tecido. Casabianca e colegas
acreditam que freiras medievais possam ter feito reparos na costura – o
que levaria a um resultado distorcido na datação por carbono. Para tirar
a dúvida de vez, seria preciso realizar análises em outras partes do
Santo Sudário. Difícil será convencer o Vaticano a permitir novas
investigações.
Santo Sudário....
Super Interessante
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