O ex-ministro Antonio Palocci afirmou, em acordo de delação premiada
homologado pela Justiça, que alguns dos principais bancos do país
fizeram doações eleitorais que somam R$ 50 milhões a campanhas do PT em
troca de favorecimentos nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula
da Silva e Dilma Rousseff.
Em trechos de sua delação obtidos pelo GLOBO, Palocci citou casos
envolvendo Bradesco, Safra, BTG Pactual, Itaú Unibanco e Banco do
Brasil. O interesse das instituições, de acordo com o ex-ministro, ia de
informações privilegiadas sobre mudanças na taxa básica de juros, a
Selic, até a busca por apoio do governo na defesa de interesses das
instituições e seus acionistas.
Procurados, os acusados negam irregularidades, classificam a delação
de Palocci de “mentirosa” e “inverossímil”, apontam que ele criou
versões sem provas para tentar obter benefícios da Justiça e dizem que
todas as doações foram feitas legalmente.
Os anexos envolvendo os bancos estão sob sigilo e fazem parte da
delação premiada assinada no ano passado com a Polícia Federal (PF). O
ex-ministro havia procurado inicialmente o Ministério Público Federal em
Curitiba, que rejeitou a proposta de delação por considerar que não
havia provas suficientes para corroborar os relatos. Em seguida, então,
Palocci buscou a PF e fechou a delação. O acordo de colaboração foi
homologado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região em junho do ano
passado e pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, em
novembro.
Principal interlocutor do PT com o sistema financeiro desde que foi o
fiador da política econômica ortodoxa do primeiro governo Lula, Palocci
foi ministro da Fazenda do ex-presidente e chefe da Casa Civil de
Dilma. Nos depoimentos, ele relata supostos favorecimentos obtidos por
cada instituição em troca dos repasses ao partido, via doações oficiais.
Recado dado.
O Globo
Registe-se aqui com seu e-mail
ConversãoConversão EmoticonEmoticon