Os governadores do Nordeste moderaram o discurso sobre o governo do presidente da República Jair Bolsonaro durante
a reunião do Consórcio Nordeste, que aconteceu em Salvador nesta
segunda-feira, 29. O encontro com os nove representante dos Estados
nordetinos, fechados em um bloco regional, foi o primeiro após a declaração
em que o presidente se referriu aos governadores da região de
“paraíbas” (termo utilizado no Rio de Janeiro para referir-se de forma
negativa aos nordestinos), o que gerou revolta e nota de repúdio dos
Estados da região.
“São águas passadas”, amenizou o governador da Paraíba, João Azevedo (PSB),
ao chegar à reunião do consórcio, apesar de classificar o episódio como
“infeliz, extremamente infeliz”. Conhecido por ser contido, o
pessebista equilibrou o discurso após ter feito declarações mais fortes
em entrevistas dadas nas últimas semanas, e evitou ataques direitos a
Bolsonaro. “Não interessa esse tipo de disputa. Para os governadores,
interessa ter uma relação republicana e de respeito, que os Estados
merecem. Merecem pelo povo nordestino. E é isso que nós vamos buscar”,
afirmou.
“Os governadores representam, acima de tudo, a voz desse povo que
exige respeito do governo federal, que, a partir de suas demandas
apresentadas, quer solução para isso. E isso nós vamos buscar. A relação
republicana, independente de quem esteja sentado na cadeira de
presidente, ela tem que estar acima de qualquer outro tipo de relação”,
pregou.
O governador ainda fez piada com a situação, dizendo que iria anexar
‘Paraíba’ ao seu nome. “Durante a campanha, toda as vezes que eu me
apresentava eu dizia que meu nome era João. Depois disso eu passei agora
a ser também João Paraíba”, disse Azevedo.
Presidente do Consórcio Nordeste, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), que na semana passada cancelou sua ida à cerimônia de inauguração de um aeroporto com a presença de Bolsonaro, também
evitou polêmica. O petista fez questão de frisar que “a formação do
consórcio não é um contraponto político ao governo federal, em hipótese
alguma”.
Ele foi retificado pela governadora do Rio Grande do Nordeste, Fátima
Bezerra (PT), que lembrou que o bloco regional “não é (uma ideia) de
agora, apesar de ser concretizada hoje (ontem)”, com a assinatura, em
ato simbólico, do documento que implementa o grupo oficialmente.
Costa disse ainda que o objetivo do consórcio é “dar mais
sustentabilidade, mais economicidade, melhorar a gestão pública e o
investimento do Nordeste” para “ajudar o Brasil” na tarefa de retomar o
crescimento econômico. Sem citar Bolsonaro ou o governo federal
diretamente, ele ainda disse que “não podemos ficar esperando, já que o
Brasil não acena, não aponta a retomada do crescimento”.
“Não era nem desejo de nenhum dos governadores, muito menos do
Maranhão e da Paraíba, que neste momento nós tivéssemos com algum tipo
de contraponto ou declaração pejorativa em relação ao Nordeste. Todos
nós queremos ajudar para que o Brasil cresça em paz, que o Brasil possa
gerar emprego. Concentrar energias nas questões políticas dilui a
atenção para o problema central do Brasil, que é a economia, o emprego, a
renda, que é uma vida melhor para o povo. Todo mundo aqui acha que esse
debate é secundário”, afirmou.
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