A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado,
Simone Tebet (MDB-MS), afirmou nesta segunda-feira, 15, que a indicação
do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada brasileira em
Washington foi “o maior erro” do presidente Jair Bolsonaro até o
momento. Para a senadora, o nome do parlamentar pode ser derrotado na
Casa, expondo uma fragilidade do governo em votações. “Talvez tenha sido
o maior erro do presidente até agora. Até porque envolve o próprio
filho”, afirmou nesta segunda a senadora.
Para Tebet, o presidente deveria ter avaliado qual era “o sentimento
do Senado” antes de indicar no nome do filho para o cargo. “Acho que ele
corre sérios riscos de mandar (a indicação de Eduardo Bolsonaro para
ser o embaixador brasileiro nos Estados Unidos) para o Senado e ser
derrotado. A votação é secreta. Não tem precedentes no mundo, em países
democráticos”.
O jornal O Estado de S. Paulo mostrou no sábado que o nome de Eduardo
deve enfrentar resistência para assumir a embaixada caso sua indicação
seja confirmada pelo pai. Dos atuais 17 integrantes da Comissão de
Relações Exteriores do Senado – responsável por analisar o nome -, seis
disseram ao Estado ser contrários, outros sete afirmaram ser favoráveis,
três preferiram não comentar e apenas um não se manifestou.
“A sabatina expõe demais o governo e pode dar uma fragilidade que o
governo ainda não tem na casa. Eu tenho esse sentimento hoje (de que a
indicação seria derrotada no Senado) sentindo algumas pessoas que
defendem o governo com unhas e dentes questionando que isso foi erro.
Mas enfim, o tempo dirá”, afirmou a senadora.
Para ser embaixador, o nome de Eduardo Bolsonaro deverá passar por
uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores e, em seguida, ser
submetido a uma votação secreta. Depois, o nome vai ao plenário do
Senado que tem que dizer se aceita a indicação do presidente. Ele
precisará do voto favorável da maioria dos 81 senadores – também em
votação secreta.
Conforme registros da Comissão de Relações Exteriores, apenas uma
indicação presidencial para embaixador foi rejeitada nos últimos dez
anos. Em 2015, a então presidente Dilma Rousseff enviou o nome de
Guilherme Patriota, irmão do ex-chanceler Antônio Patriota, para a vaga
de embaixador do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), mas
ele não teve aval da maioria dos senadores.
Emendas em votações importantes
Tebet também afirmou que o uso de emendas para garantir votações
importantes no Congresso vai “custar muito caro” ao presidente Jair
Bolsonaro. Para a senadora, o governo “errou” em não propor uma
alternativa ao presidencialismo de coalizão para construir uma base
política para votações no Congresso.
“Acho que esse é o erro do presidente de, deixando de lado o
presidencialismo de coalização, não buscar uma alternativa. Essa falta
de alternativa vai custar muito caro para o presidente. Agora, é a
reforma da Previdência, depois é a reforma Tributária, depois são
projetos relevantes que dependem quórum qualificado (ou seja, dois
terços dos parlamentares a favor da proposta). Ele vai negociar dessa
forma cada projeto que tem que aprovar? O que isso tem de diferente do
fisiologismo? Do toma-lá-da-cá da gestão passada?”, afirmou Simone
Tebet.
A senadora afirmou que não vai negociar emendas com o governo, mas
que a liberação a deixa desconfortável. “A gente está entre a cruz e a
espada. Eu já declarei para todo mundo que vou votar a reforma. Não
preciso de nada para botar a reforma. Ai eu digo que não quero a emenda,
mas chega em dezembro os prefeitos chegam lá e falam: ‘ah, por que você
não me atendeu?’”, disse a senadora.
A senadora afirma que vê boas intenções no governo Bolsonaro, mas que
falta “visão” de gestão ao atual presidente. Ela afirma que o atual
chefe do Executivo é “bem intencionado” e “quer combater a corrupção”.
“Seu eu tivesse que fazer uma crítica a ele é a falta de uma visão maior
do País. Ele está muito preocupado com a visão ideológica, com uma
pauta de costumes, de falar para o seu eleitorado de alguns pontos
específicos de promessas de campanha que ele tem quatro anos para
cumprir, não precisa cumprir todos agora”, disse Tebet.
E quando acabar o dinheiro?
Estadão Conteúdo
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