A suspensão da nova tabela de valor mínimo do frete elaborada pela
Agência Nacional de Transportes Terrestres ( ANTT ) é positiva, mas não
resolve a insatisfação dos caminhoneiros , segundo Wanderlei Alves,
conhecido como “Dedeco”, uma das lideranças da categoria. Segundo ele, é
preciso que os valores que constam da tabela, que foi suspensa nesta
segunda-feira, sejam acrescidos de um percentual entre 30% e 35% para
que os caminhoneiros sejam minimamente remunerados. No fim de semana, já
circulava a informação de que o governo pretendia cancelar a nova
tabela de frete , que entrou em vigor no sábado.
Essa questão será discutida na próxima quarta-feira com o ministro de
Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Na sexta-feira, diante da
possibilidade de uma nova paralisação dos caminhoneiros, Tarcísio de
Freitas já havia informado que iria receber lideranças dos caminhoneiros
nesta semana. Nesta segunda, foram registradas paralisações de
caminhoneiros na rodovia BR-116, em Governador Valadares (MG), e em
rodovias de estados do Nordeste, como Pernambuco, Ceará e Paraíba, de
acordo com informações da liderança.
—Já sabíamos que a nova tabela seria suspensa. Agora, é preciso
discutir os novos valores, já que os atuais só preveem o custo dos
caminhoneiros. É preciso acrescentar percentuais entre 30% e 35% para
que os caminhoneiros tenham uma remuneração mínima. Isso não foi levado
em conta pela Esalq-Log, que elaborou os valores. A categoria está
revoltada e nesta segunda houve paralisações em rodoviais. Meu medo é
que, até quarta-feira, esse movimento cresça — explicou Dedeco ao GLOBO.
O representante da categoria afirmou que, embora tenha havido uma
audiência pública para que os valores do frete mínimo fossem discutidos,
ele pessoalmente não participou das conversas. Segundo ele, a Esalq já
tinha os valores pré-estabelecidos e, na avaliação dos caminhoneiros,
eles não iriam satisfazer os anseios da categoria.
—Recusei participar da audiência pública. A Esalq já tinha os valores
definidos. A nossa remuneração não foi levada a sério na elaboração da
tabela — diz Dedeco.
Ministro pego de surpresa
Ele afirma que o próprio ministro Tarcísio Freitas foi pego de
surpresa pelos valores da resolução e, por isso, decidiu suspender a
nova tabela e reabrir diálogo com a categoria. Dedeco afirmou que a
linha do BNDES anunciada pelo governo no início do ano, e que prevê
crédito aos caminhoneiros para manutenção dos veículos, ainda não entrou
em vigor.
— Não saiu nada ainda. A linha prevê cobertura de custos de
manutenção com os veículos. Mas os valores máximos oferecidos não são
suficientes. A linha prevê no máximo R$ 30 mil. No mês passado, eu
gastei R$ 56 mil para retificar o motor — diz Dedeco.
Outra reivindicação da categoria é a criação de um documento chamado
de Código Identificador de Operação de Transporte (Ciot). Uma parte dos
caminhoneiros avalia que a emissão desse documento vai permitir que o
governo fiscalize as transportadoras que estiveram pagando valores de
frete abaixo do mínimo. Mas Dedeco discorda dessa medida.
— Não acho que a fiscalização deva ficar com o governo. Em nenhum
lugar do mundo isso acontece. É o próprio caminhoneiro que deve
denunciar a empresa que não estiver pagando o mínimo. É simples — diz
ele.
Segundo ele, vários grupos de WhatssApp foram criados e neles é fácil
perceber o descontentamento da categoria com os valores da tabela de
frete publicada na semana passada. As poucas paralisações em rodovias
nesta segunda-feira são um sinal de que a categoria está revoltada,
avalia Dedeco.
Bolsonaro com a palavra.
O Globo
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