A executiva nacional do PDT se reúne a partir de amanhã para definir uma
punição para os oito deputados do partido que votaram a favor do
texto-base da reforma da Previdência, contrariando orientação da sigla.
Em entrevista concedida ontem ao Estadão/Broadcast e à Rádio Eldorado, o
ex-ministro Ciro Gomes, principal nome do PDT, defendeu que todos
deixem espontaneamente o partido, o que seria "mais digno" do que
esperar por uma eventual expulsão. Entre os oito parlamentares ameaçados
de punição - chamados de "desobedientes" pelo presidente do PDT, Carlos
Lupi -, está a deputada Tabata Amaral (SP), até então vista como uma
das principais apostas de renovação do partido e cotada para disputar a
Prefeitura de São Paulo nas eleições do ano que vem. Um ano atrás, Ciro
chegou a almoçar na casa da família de Tabata, em um bairro da periferia
de São Paulo, num sinal público de prestígio da então candidata à
Câmara.
"Ninguém pode servir a dois senhores", afirmou Ciro, lembrando que ele
próprio trocou sucessivas vezes de partido. "Eu acho que o mais digno -
não quero particularizar nela (Tabata), porque foram ela e mais sete - é
fazer o que eu fiz. Fui filiado e ajudei a fundar o PSDB, que tinha um
programa lindo, que tinha uma série de propostas muito sérias, foi para o
governo e fez o oposto. Chafurdou na corrupção, nas privatizações, na
roubalheira. O que fiz? Saí."
O ex-ministro disse que a executiva nacional vai respeitar todos os
trâmites internos, entre eles, o direito de defesa. Mas, segundo ele,
tanto Tabata como seus colegas tiveram a oportunidade de apresentar sua
posição em "inúmeras reuniões" prévias convocadas pela sigla para tratar
do projeto da Previdência. Segundo o relato de Ciro, até a antevéspera
da votação Tabata não teria manifestado qualquer intenção de endossar o
texto apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro - que, entre outras
modificações, prevê o aumento da idade mínima para requerer a
aposentadoria.
Ao justificar a sugestão, Ciro afirmou que a decisão de deixar a sigla
deveria ser tomada pelos colegas não apenas "pelo passado", mas "pelo
que está por vir". Ele citou a perspectiva de votação de projetos como a
reforma tributária e privatizações.
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