Os últimos anos de vida do cantor e compositor João Gilberto, morto
neste sábado, 6, no Rio de Janeiro, foram marcados por disputas entre
seus familiares, problemas de saúde e dívidas que chegaram a R$ 9
milhões.
Dois de seus três filhos, João Marcelo e Bebel Gilberto, travaram
guerra judicial contra Claudia Faissol, mãe de sua filha mais nova. Na
Justiça, Bebel pediu em 2017 a interdição do pai para que ele não fosse
induzido a assinar documentos com força legal sem saber o que estava
fazendo.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, João Marcelo afirmou, em 2018, que
João Gilberto não tinha mais controle de suas finanças: “Ele me pedia há
um tempo para descobrir como estão suas finanças, me perguntava com
frequência sobre os cheques que sumiam em sua casa, se eu tinha ideia
para onde iam. Isso porque se sentia insatisfeito e sem o controle da
situação, como sempre gostou de ter. Uma vez, me pediu para telefonar
para a Claudia Faissol para eu poder entender algumas coisas que estavam
acontecendo, sobre contratos e finanças.”
Em 2013, o banco Opportunity comprou 60% dos direitos sobre os quatro
primeiros discos do cantor, considerados alguns dos mais importantes da
música brasileira. Na época, João Marcelo acusou Claudia de receber por
fora algo entre 5% e 10% desse montante.
Em 2017, João Gilberto foi interditado judicialmente por Bebel, que
afirmou que seu pai estaria passando por “absoluta penúria financeira”.
Nesse mesmo ano, o Estado tentou encontrar o músico em sua residência,
em um prédio que fica a dois quarteirões da praia, mas nem mesmo os
moradores sabiam de sua situação. “Você está aqui procurando o João
Gilberto? Desiste! Nunca ouvi nem um violãozinho e moro há 30 anos no
prédio”, contou uma moradora.
João Gilberto morreu aos 88 anos, recluso e sem ter visto a guerra travada entre seus familiares pacificada.
João Gilberto um ícone da música.
Estadão Conteúdo
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