A Polícia Federal prendeu novamente, na manhã desta quinta-feira (08),
o empresário Eike Batista. É a segunda vez que o dono da EBX vai para a
cadeia.
Eike estava em casa, no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de
Janeiro, onde há cerca de dois anos e meio cumpria prisão domiciliar.
Batizada de Segredo de Midas, a operação, um desdobramento da Lava
Jato, busca provas de manipulação do mercado de ações e de lavagem de
dinheiro. É baseada em uma delação recém-homologada do banqueiro Eduardo
Plass.
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do RJ, expediu para esta fase da Lava Jato dois mandados de prisão:
Eike Furkhen Batista, já cumprido;
Luiz Arthur Andrade Correia, o Zartha, contador de Eike. Ele está no exterior.
Há ainda mais quatro mandados de busca e apreensão.
Equipe da PF cumpre mandado na casa de Eike, no Horto, Zona Sul do Rio — Foto: Reprodução/TV Globo
Depoimento em CPI
Eike foi nesta terça-feira (6) prestar depoimento na comissão
parlamentar de inquérito da Câmara (CPI) que investiga denúncias contra o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Na
ocasião, ele negou irregularidades em empréstimos contraídos com o
banco.
Ainda no depoimento à CPI, Eike Batista foi questionado se fez
doações com o objetivo de ter acesso a integrantes do governo. O
empresário, então, respondeu que “acredita na democracia” e fez doações
para todos os partidos.
“Eu estou no Brasil inteiro, em vários partidos. Eu fazia doações
para partidos de oposição também. Existia uma filosofia, eu acredito na
democracia, havia doações para todos e volta e meia eu doava mais para
alguém que eu gostava mais”, disse.
Condenado a 30 anos
Eike Batista já chegou a ser o homem mais rico do Brasil. Entre 2010 e
2012, período em que chegou a ser listado como o 8º mais rico do mundo,
Eike acumulou fortuna que variou entre US$ 27 bilhões e US$ 34,5
bilhões.
O empresário foi preso pela primeira vez no final de janeiro de 2017
logo após desembarcar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de
Janeiro, vindo do exterior.
Cerca de três meses depois, no final de abril de 2017, após decisão
do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, ele deixou o
Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, para cumprir prisão
domiciliar.
A primeira condenação saiu em julho do ano passado. O juiz Marcelo
Bretas sentenciou Eike a 30 anos de prisão por corrupção ativa e lavagem
de dinheiro.
O empresário foi réu no mesmo processo em que o ex-governador do Rio
de Janeiro Sérgio Cabral foi condenado a 22 anos e 8 meses de prisão.
Dois doleiros haviam afirmado que o empresário pagou US$ 16,5 milhões
(ou cerca de R$ 65,74 milhões, na conversão atualizada) a Cabral em
propina. O pagamento teria sido feito em troca de contratos com o
governo estadual.
Condenação na CVM
Em maio deste ano, o empresário foi condenado pela Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) por usar informações privilegiadas para lucrar
no mercado de ações e por manipular preços quando era acionista
controlador e presidente do conselho de administração da OGX Petróleo e
Gás Participações S.A.
Vinculada ao Ministério da Economia, a CVM é responsável por
fiscalizar e regular o mercado de ações no país. A comissão estabeleceu
uma multa de R$ 440,8 milhões e outra de R$ 95,7 milhões, e inabilitou
Eike, pelo prazo de sete anos, de ser administrador ou conselheiro de
companhia com capital aberto.
Quem é Eduardo Plass
O banqueiro Eduardo Plass foi preso há um ano pela força-tarefa da
Lava Jato, suspeito de lavar dinheiro para o ex-governador Sérgio
Cabral.
O banqueiro teria lavado mais de US$ 22 milhões, o equivalente a R$
90 milhões, da joalheria H. Stern, dinheiro de clientes que compravam
sem nota fiscal. Cabral gastava parte do que recebia em propina em anéis
e brincos.
O Ministério Público Federal explica que Eduardo Plass transferia o
dinheiro recebido pela H. Stern para empresas de fachada no exterior.
Depois, o banqueiro repassava os valores para contas da própria
joalheria também fora do Brasil.
Os investigadores dizem que Eduardo Plass assinava contratos falsos
de empréstimos com a joalheria para a movimentação financeira parecer
legal. O esquema foi revelado por diretores da H. Stern que fizeram
delação premiada.
“A joalheria precisava que esse dinheiro fosse mandado para fora e
fosse lavado para se distanciar da sua origem ilícita. Então Eduardo
Plass, usando-se dos mecanismos aos quais ele tinha acesso justamente
por ser uma pessoa do mercado financeiro e dono de banco no exterior,
acabava ajudando e promovendo essa lavagem de dinheiro e evasão de
divisas”, explicou o procurador da República Almir Teubl Sanches.
Plass não ficou nem uma semana preso. Ele pagou fiança de R$ 90 milhões e deixou a prisão.
Eduardo Plass é ainda sócio majoritário do TAG Bank, no Panamá, e da gestora de recursos Opus, no Brasil.
Eike Batista na pauta...
G1
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