Um cartaz simplório erguido pela torcida do Paris Saint-Germain neste
domingo (11), na estreia do time no Campeonato Francês 2019-2020,
resume o status da relação do clube com sua estrela: “Neymar, cai fora! (casse-toi)”.
O atacante brasileiro não pisou no gramado do Parc des Princes —na
véspera, o novo diretor esportivo do PSG, Leonardo, tinha dito que o
jogador só voltaria a defender a equipe quando se definisse se ele fica em Paris ou vai embora (o mais provável).
A ausência do brasileiro em campo foi compensada por lembranças
insistentes (e hostis) em cantos e faixas de torcedores. Logo no começo
da partida contra o Nîmes, uma ala do público puxou um “Neymar, filho da
puta!” em espanhol.
acontece só em uma ‘remontada’. Você se lembra?”.
“Remontada” (recuperação ou superação, em espanhol) é como ficou conhecido o jogo de março de 2017 em que o PSG foi estraçalhado pelo Barcelona de Messi, Neymar e cia., perdendo por 6 a 1. O brasileiro fez então dois gols. Há pouco, referiu-se ao confronto como um dos mais marcantes de sua carreira, enfurecendo seu clube atual.
Com o resultado, os franceses foram eliminados da Liga dos Campeões, depois de terem ganhado a partida de ida por 4 a 0.
A segunda parte da alfinetada da torcida faz referência ao episódio em que o atacante foi acusado pela modelo Najila Trindade de tê-la agredido e estuprado em um hotel parisiense, em maio passado.
A acusadora mostrou à polícia um vídeo, gravado no dia seguinte ao da
suposta agressão, no qual batia no atleta —em pretensa reação ao que
ocorrera na véspera. Na semana passada, a Justiça arquivou o inquérito relativo ao caso.
O técnico da equipe francesa, Thomas Tuchel, saiu em defesa do jogador na entrevista coleta após a partida.
“Entendo e não entendo [a reação da torcida]. Hoje em dia, as emoções
são assim, à flor da pele. Mas ele ainda é meu jogador. Sendo assim,
vou sempre protegê-lo. Posso compreender que não gostem do que diz ou
faz, mas é preciso encontrar outro nível para se expressar”, afirmou o
alemão.
Antes do jogo de domingo, no entorno do estádio, os torcedores do PSG
se mostravam favoráveis ao “divórcio” entre a direção e o brasileiro.
“Espero que ele vá embora, e por um preço justo, próximo daquele que
pagamos por ele [222 milhões de euros, em 2017]”, dizia Alexis
Canestaier, 26, que trabalha em uma start-up. “A gota d’água para mim
foi ele falar bem da ‘remontada’.”
O amigo dele, Thomas Lhumeau, 29, fez o seguinte balanço do biênio de
Neymar na França. “Em termos esportivos, foi nulo. Valeu pela
visibilidade que ele trouxe à equipe, pelos patrocínios, tudo o que é
comercial.”
A avaliação do funcionário público Julien Pouget, 38, segue linha parecida.
“Gosto do jogador, não da pessoa Neymar. Ele não aprecia a equipe,
não tem amor à camisa e não estava em campo quando mais precisamos dele
[nas eliminações da Liga dos Campeões em 2018 e 2019]. Preferia alguém
pior, porém mais presente.”
Para a bancária Karine Petitcolas, 48, é como se ele tivesse jogado
apenas o primeiro tempo nas últimas duas temporadas. “Ele foi bem
acolhido, mas acho que o mimaram demais. É uma pena que Leonardo [que
chegou com a missão de botar ordem na casa] não tenha chegado antes.”
Segundo ela, “para ganhar o Campeonato Francês, não precisamos de Neymar; ele veio para nos dar a Liga dos Campeões”.
Petitcolas acha que o brasileiro é “feito para a Espanha, onde o jogo
é mais tático do que físico”. “Espero que ele vá para o Real Madri, só
para irritar o Barcelona. Mas lá, com Zidane [técnico], aposto que vai
ficar com a boca fechada.”
Vários jornais europeus informaram no domingo que as negociações para
transferência de Neymar estariam mais avançadas com o Real do que com
os catalães.
Em Paris, os donos da casa não tiveram dificuldade em derrotar o
fraco Nîmes por 3 a 0, com gols de Cavani (pênalti), Mbappé e Di Maria.
Neymar na pauta.
FOLHAPRESS
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