Para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
chegou a hora de o empresariado brasileiro mostrar se é patriota de
verdade. Ele aproveitou evento em São Paulo nesta segunda-feira (5) para
mandar o recado, ao falar da necessidade da aprovação de uma reforma
tributária.
“Os empresários, não estou criticando todos, foram muito patriotas na
Previdência, mas eles não são atingidos pela Previdência. O que a gente
quer deles agora é o mesmo patriotismo na reforma tributária”, disse
ele em encontro da Fundação Estudar, em um hotel na região da avenida
Paulista.
“Há um sistema distorcido, em que uns pagam muitos impostos e outros
não pagam impostos no Brasil. É isso que a gente tem que cobrar de todo
mundo. Não adianta querer ser patriota no tema do outro, tem que ser
patriota para reconstruir um Brasil mais justo”, completou.
Maia participou, ao lado da ministra do STF (Supremo Tribunal
Federal) Cármen Lúcia, do encerramento do evento anual da fundação
criada pelo empresário Jorge Paulo Lemann. Os dois deixaram o local sem
atender os jornalistas.
O presidente da Câmara falou à plateia, formada por bolsistas,
ex-alunos e convidados da entidade, que fazer passar a alteração
tributária será “muito mais difícil do que a previdenciária”.
“Mas vamos ver se os nossos empresários, parte deles, não vou dizer
todos, conseguem compreender que esse sistema gera a falta de
crescimento, a falta de geração de emprego”, assinalou.
Maia disse ainda esperar concluir nesta semana a votação da reforma
da Previdência. Segundo o deputado, a discussão na Casa acabou tomando
tempo de debates sobre projetos de temas urgentes como educação, saúde e
primeira infância.
“A gente perdeu muito tempo [de plenário] no primeiro semestre, mas
agora eu acredito que, com eles [deputados], a gente vai conseguir
avançar numa agenda muito positiva”, afirmou, ao elogiar deputados
novatos na Câmara.
O presidente citou Tabata Amaral (PDT-SP), Felipe Rigoni (PSB-ES) e
Tiago Mitraud (Novo-MG) como exemplos da “safra boa” que chegou nesta
legislatura, uma “garotada com muita energia”.
No palco, ele também criticou a polarização no país. “Este é um
problema que a gente tem no Brasil hoje: tem um grupo de extrema
esquerda e um grupo de extrema direita que não querem ouvir”, observou,
acrescentando que pessoas dos dois lados tapam os ouvidos para
ponderações.
“Na esquerda, você põe uma vírgula no nome do Lula, as pessoas não
querem ouvir. Na direita, você põe uma vírgula no nome do Bolsonaro, tem
um grupo lá de 10% ou 15% que não quer ouvir. Então, o nosso papel [no
Parlamento] é ter capacidade de ouvir todos e construir o ponto de
equilíbrio.”
Cármen Lúcia divertiu a plateia com histórias e tiradas
bem-humoradas. Em um momento mais sério, diante de questão sobre o peso
da opinião pública nas decisões dos Poderes, ela disse que o Judiciário
não pode ser movido por paixões e pressões.
“Não significa que o Poder Judiciário não ouça; apenas ele não decide
segundo o que foi dito. Ele tem que, para a segurança de todos, a
garantia do direito de todos, aplicar a lei independentemente do que se
diga”, afirmou a ministra.
“Até porque, para garantir avanços dos direitos fundamentais,
humanos, sociais, é preciso muitas vezes que nós, especialmente os
juízes constitucionais, sejamos […] os juízes que cumprem o papel de ser
contramajoritário.”
Na opinião dela, juiz que fica “preocupado com o que os cidadãos
querem num determinado momento” não pode exercer a carreira. Tem que
decidir “segundo o que a Constituição determina e as leis mandam”,
ensinou.
Maia na pauta...
Folhapress
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