O ministro da Secretaria-Geral de Governo, Luiz Eduardo Ramos ,
afirmou em reuniões com parlamentares nesta semana que quer “desmontar o
centrão” da Câmara dos Deputados, revendo indicações de parlamentares
para cargos.
Ele contou a interlocutores ouvidos pelo GLOBO que está analisando
toda votação na Câmara para saber se os deputados que ganharam cargos
votaram com o governo, e chegou a citar nominalmente os “infiéis” que
estavam a ponto de perder postos nos estados.
Houve “infidelidade” em partidos que geralmente votam com o governo
nas votações da reforma da Previdência, na proposta derrotada de manter o
Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) no Ministério da
Justiça, na derrubada pelo Congresso de vetos presidenciais, entre
outros.
Apesar de o governo não ter destravado todas as indicações feitas por
parlamentares neste ano, há deputados que mantiveram indicados que já
estão posicionados desde o governo de Michel Temer. Há situações desse
tipo no Ibama, Incra e Funasa, entre outros. Há, também, quem tenha
aliados no governo e tenha conseguido novos nomes.
Em agosto, o DEM emplacou um nome no comando da Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o
PP indicou o novo presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE), dois dos cargos mais cobiçados do governo.
Partidos como DEM, PP, PL, SD, PSD, PRB e os demais da centro-direita
têm optado, neste governo, por não compôr uma base formal. Por isso, as
orientações nas votações são decididas caso a caso. Líderes veem essa
estratégia como uma decorrência natural da atitude do governo, que não
cedeu cargos de primeiro escalão no início do mandato e tem dificuldade
de dialogar com dirigentes partidários.
Recado dado.
O Globo
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