Após cinco dias com 36 ataques a ônibus, carros e caminhões nas ruas,
o Ceará prendeu 13 suspeitos e transferiu 257 detentos supostamente
ligados à facção criminosa que ordenou o vandalismo. Em Fortaleza, o
transporte público circula com frota reduzida e escola policial por
causa da onda de violência. O governador Camilo Santana (PT) já disse
que não vai ceder às vontades dos bandidos.
O governo cearense atribui os ataques a uma reação ao enfrentamento
ao crime organizado no Estado. Nas redes sociais, o governador Camilo
Santana (PT) afirmou que “a possibilidade do retorno às regalias nos
presídios é zero” e informou que reuniu a cúpula da Segurança Pública
para tratar dos atos criminosos. Conforme o Estado, o contingente
policial foi reforçado nos últimos dias, com retorno às atividades de
agentes que estavam de férias e a suspensão de cursos para os que tinham
aulas.
Além das ações criminosas na capital, houve registro de crimes em
cinco municípios: Canindé, Quixadá, Quixeramobim, Paracuru e Jucás. Na
madrugada desta terça-feira, 24, bandidos incendiaram dois ônibus
estacionados em um pátio próximo a um posto de combustíveis em Canindé.
Em Baturité, houve um incêndio em um posto de combustível; e em
Ibaretama, um ônibus de uma banda de forró foi destruído pelo fogo. Em
Maracanaú, na Grande Fortaleza, por volta das 5 horas da manhã, os
moradores se depararam com um trator em chamas.
Já na capital, ainda nesta manhã, bandidos atearam fogo a uma
concessionária de carros no bairro Dunas. É a segunda vez que essa mesma
concessionária sofre com os ataques deste ano. Uma torre de telefonia
móvel, no bairro Messejana, e uma unidade do Juizado Especial, no bairro
Vila Velha, também foram atacados. Três carros da Companhia de Energia
Elétrica, Enel, e um carro da Companhia de Água e Esgoto do Ceará,
Cagece, foram incendiados.
Fortaleza sofre com pontos de ônibus lotados e espera de passageiros
Nesta terça, quem precisou do transporte público para se locomover se
deparou com dificuldades nos terminais e pontos de ônibus. Segundo o
Sindiônibus e Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza, como medida de
prevenção a novos crimes, 70% da frota irá circular pela capital e
região metropolitana, parte deles com escolta policial.
A estudante Gizele Fernandes conta que as estações de ônibus ficaram
lotadas. “Havia pessoas esperando há uma hora nas paradas. Os ônibus não
estão finalizando as rotas, estão voltando aos terminais bem antes. As
linhas expressas não estavam rodando. As ruas, apesar das paradas
lotadas, pareciam mais desertas. Apenas os ônibus normais pegavam os
passageiros. Isso causou uma correria e bagunça nos terminais”, critica.
“O ônibus demorou um pouco mais do que o normal e estava insuportável
de tão lotado, justamente porque retiraram os expressos. Nada me
aconteceu, mas uma menina chegou a ficar presa na porta do ônibus”,
conta a jornalista Raiana Ribeiro.
No início de 2019, a maior onda de ataques da história do Ceará
Logo no começo deste ano, o Ceará viveu a maior onda de atentados de
sua história. Entre os dias 2 de janeiro e 4 de fevereiro, foram
contabilizados 283 ataques em 56 dos 184 municípios do Estado, dos quais
134 aconteceram em Fortaleza. Mais de 400 suspeitos foram presos. Três
foram mortos. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro,
chegou a enviar tropas federais para ajudar no patrulhamento no Estado.
Grave...
Estadão Conteúdo
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