O Brasil brigou. Foi um time completamente diferente do que enfrentou
a República Tcheca, no último sábado. Mas, contra os Estados Unidos,
por mais que eles tenham nesta Copa do Mundo o seu time C, entrega e
disposição não são suficientes. Não há espaço para falha. Não dá para
fechar os olhos. E o Brasil, apesar dos predicados apresentados, não
conseguiu um milagre. Bem na defesa, mas errando no ataque, o time não
tirou a invencibilidade dos americanos, agora em 48 jogos (não perdem em
Olimpíada e Mundial desde 2006), foi derrotado por 89 a 73 e está
eliminado do Mundial da China. A República Tcheca, apesar do revés para a
Grécia, é a segunda classificada do Grupo K.
Durante a partida, os atletas reclamaram muito da arbitragem. Ainda
no segundo quarto, o técnico croata Aleksandar Petrovic, levou duas
faltas técnicas e foi excluído da partida, invadindo a quadra para
reclamar. Leandrinho, no último quarto, já com o jogo escapado, fez o
mesmo para pedir duas faltas que não foram dadas. Varejão terminou com
14 pontos, sete rebotes e três assistências. Benite, em seu melhor jogo,
anotou 21 pontos. Leandrinho fez 14. Nos Estados Unidos, Kemba Walker
fez 16, mesmo número que Myles Turner, com oito rebotes. Barnes anotou
outros dez.
Por fim, o Brasil termina a Copa do Mundo com três vitórias, sobre
Nova Zelândia, Grécia e Montenegro, e derrotas para Estados Unidos e
República Tcheca na segunda fase, essa última sim, dolorida. No sábado,
se tivesse vencido os tchecos, o Brasil já estaria classificado para as
quartas de final. Com a saída da seleção, as duas vagas das Américas via
Mundial estão definidas: Estados Unidos e Argentina.
Brasil no Pré-Olímpico
Apesar do revés, o Brasil ainda segue com chances de jogar a
Olimpíada de Tóquio. Como ficou entre os 16 melhores da Copa do Mundo, o
time está garantido em um dos pré-olímpicos mundiais, em junho do ano
que vem. Serão 24 seleções, divididas em quatro grupos de seis. Apenas o
campeão de cada torneio se classifica e fica entre os 12 que vão ao
Japão.
A derrota para os Estados Unidos e a eliminação da Copa do Mundo deve
significar também o fim de um ciclo para alguns dos nomes da seleção
brasileira em Mundiais. Anderson Varejão, com 36, Huertas, com 36,
Leandrinho, com 37, e Alex, com 39, já citaram, e o tempo mostra que
esse é o caminho mais que provável. Antes, contudo, todos devem se
colocar à disposição para o ano que vem, no pré-olímpico.
Brasil equilibra por 30 minutos
Pedindo energia ao time desde o domingo, Petrovic começou a partida
contra os Estados Unidos com Huertas, Alex, Didi, Caboclo e Felício. A
ideia era incomodar os americanos desde a primeira defesa. A defesa do
Brasil funcionava bem, mas no ataque, Cristiano Felício errou dois
lances simples. Com quatro minutos, os americanos tinham 10 a 7 e
Petrovic levou falta técnica. Huertas anotava cinco pontos. Mais
acionado no garrafão, Myles Turner tinha seis pontos para os Estados
Unidos. Anderson Varejão, no giro em cima de Brook Lopez, trouxe a
diferença para apenas uma bola: 15 a 12. Apesar de ter visto os
americanos abrirem sete pontos no decorrer do quarto, a seleção
conseguiu seu objetivo de manter o duelo em uma posse, perdendo por 21 a
18.
O Brasil não diminuiu a energia na volta. Nos primeiros dois minutos,
conseguiu empatar o jogo em 23 a 23 em bola de três de Benite. Com dois
minutos e cinquenta segundos do período, Anderson Varejão ia para a
cravada quando foi parado por Myles Turner. Pediu falta. Arbitragem não
deu. Petrovic reclamou el evou a segunda falta técnica. Foi expulso. E
invadiu a quadra para reclamar. Precisou ser contido. A situação não
desestabilizou o Brasil. Em gancho de Varejão, a vantagem americana caiu
para 30 a 27. Benite, com a mão certeira em duas bolas, empatou em 33 a
33 faltando três minutos para o intervalo. Em duas falhas ofensivas de
Felício, os Estados Unidos colocaram 41 a 33. Melhor que os americanos
na reta final, o Brasil foi para o vestiário com revés menor, por 43 a
39.
O plano de jogo do Brasil não mudou para o terceiro período. Manter o
jogo cadenciado, no cinco contra cinco, e apostar em Benite, com a mão
quente. Nos quatro primeiros minutos, o ala chegou aos 18 pontos, mas os
Estados Unidos seguiam vencendo por 48 a 44. Caboclo, por queda no
início do quarto, parecia mancar. Variando na defesa, e com a bola de
três não caindo, o Brasil viu os americanos abrirem sua maior vantagem
até então, com 11 pontos: 59 a 48, com Kemba e Turner com 16 e 13
pontos. Aplicado defensivamente, o Brasil esbarrava na forte defesa
americana e tinha aproveitamento bem ruim. A marcação, contudo, mantinha
a equipe razoavelmente no jogo, apesar da vantagem americana subir para
11 pontos novamente em bola de três de Donovan Mitchell para fazer 67 a
56.
Reclamando demais da arbitragem, em dois ataques seguidos com
Leandrinho, o Brasil perdeu o fio do jogo. Faltando oito minutos para o
fim, os americanos colocaram 73 a 58 em cravada de Barnes. O Brasil
parou o jogo. Na volta, a energia não foi a mesma. A meia-hora de
energia não seguiu. O Brasil seguiu correndo, tentando diminuir a
vantagem dos americanos, mas talvez a pilha da arbitragem pesou tanto
quanto o talento dos rivais. Faltando dois minutos para o fim do duelo, a
vitória americana era questão de acompanhar o cronômetro com o placar
em 87 a 68. O tempo correu, e os Estados Unidos venceram por 89 a 73.
Basquete na pauta...
Globo Esporte
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