Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e embaixador nos Estados Unidos em dois períodos (1974-1977 e 1991-1993), viu com preocupação os ataques que o presidente Jair Bolsonaro disparou em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).
Para Ricupero, a fala de Bolsonaro consolidou a fama do Brasil como o
novo ‘vilão global’ e afugentará empresas que buscam estabilidade para
fazer investimentos de longo prazo.
“Falo como um diplomata profissional. Um discurso tão
belicoso quanto o de Bolsonaro é quase uma aula de antidiplomacia. Além
de ter acentuado o lado negativo ao falar do meio ambiente, ele
hostilizou muita gente no Brasil e no exterior. E atacou a própria ONU.
Pensava que ele não conseguiria agravar o seu problema de imagem, mas
confirmou o que o público externo mais temia: o fato de ser uma pessoa
sem abertura nenhuma para a diplomacia”, afirmou Ricupero.
Bolsonaro falou por 31 minutos na ONU e abriu frentes de ataques severos contra governos de esquerda no Brasil, a atitude da França diante dos incêndios na Amazônia e até mesmo o cacique caiapó Raoni Metuktire,
uma das principais vozes contra as políticas indigenista e ambiental da
sua gestão. Também tratou de temas que marcaram sua eleição para
presidente, como a oposição ao Foro de São Paulo e à vinda de médicos
cubanos para trabalhar no país.
O ex-embaixador disse não ter se surpreendido com a retórica
empregada por Bolsonaro. “Ele foi coerente com quem ele é”, declarou.
“Eu já imaginava que ele falaria algo para os seus apoiadores mais
intransigentes. Ele pensa que corre um perigo maior no Brasil do que lá
fora. Existe uma postura imediatista em sua fala e que não abrange um
cálculo externo.”
O embaixador Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente.
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