Um megacomplexo turístico de alto luxo para atrair milionários
internacionais, onde um bangalô vai custar entre R$ 7,5 milhões e R$
17,5 milhões, deve começar a ser construído no ano que vem ao longo de
6,5 km de praia no Rio Grande do Norte. O plano é do grupo polonês
Gremi.
O projeto Eco Estrela, no município de Baía Formosa, a 100 km de
Natal, quer ser comparável a destinos de prestígio e ambientalmente
sustentáveis como Porto Cervo na Sardenha (Itália), Sotogrande (Espanha)
e Mayakoba (México). Está prevista a construção de hotéis, instalações
de resort e unidades residenciais de luxo.
O empresário polonês Grzegorz Hajdarowicz, do grupo Gremi, fará um
“road show” por Nova York, Londres, Zurique, Luxemburgo, São Paulo e
Lisboa, entre 18 de novembro e 15 de dezembro, para captar US$ 100
milhões (R$ 417 milhões) junto a investidores.
“Estamos prontos para começar a construção”, afirmou o empresário ao
Valor. Greg, como é conhecido, fez fortuna investindo em companhias em
dificuldade e recuperando-as. Tem negócios em setores como imobiliário,
mídia, tecnologia e produção de filmes. Ele é proprietário do grupo de
mídia Presspublica, que inclui o “Rzeczpospolita”, o principal jornal
diário de economia da Polônia. Declara-se um apaixonado pelo Brasil e é
cônsul honorário do país em Cracóvia.
O empresário conta que comprou 2.347 hectares no litoral do Rio
Grande do Norte em outubro de 2009, em suas andanças turísticas pelo
Brasil. Era uma plantação de cocos e tem, ainda hoje, 47 mil pés de
cocos. Faz fronteira com o rio Curimataú e fica perto da praia de Pipa.
Nos últimos 10 anos, o grupo Gremi International montou o projeto.
Obteve as licenças ambientais no fim de 2018 para começar a construir.
No total, o empreendimento prevê até 2.641 unidades construídas em
553,79 hectares. Segundo a empresa, será o maior projeto de
hospitalidade de luxo na América Latina.
A primeira fase prevê construção de 185 unidades, sendo 127 bangalôs
do resort e 58 residências. Cada residência vai custar entre US$ 1,8
milhão e US$ 4,2 milhões. Três mansões, com 5 dormitórios, serão
colocadas no mercado por US$ 10 milhões. A construção de todo o projeto
deve se estender por pelo menos oito anos. Mas a primeira fase deve
chegar ao mercado em 2022, informou Piotr Maj, responsável pelo projeto
no Brasil.
O complexo de alto luxo deverá ter spas, campo de pólo, estrutura
para pesca, planetário, centro de proteção de tartarugas e lojas de
grandes marcas. O foco do projeto é “na preservação do meio-ambiente”.
Proteger o ambiente é, sem dúvida, um desafio. O Rio Grande do Norte
foi afetado pelo piche que vem sujando praias brasileiras. Baía Formosa,
segundo o Ibama, também foi afetada. Maj observa, no entanto, que uma
segunda análise feita pelo órgão estadual de proteção ambiental
constatou que Baia Formosa não tem piche em suas praias. O Centro de
Monitoramento do Rio do Norte, uma ONG que está trabalhando com a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte e com a Universidade
Estadual do Rio Grande do Norte, informou ao grupo Gremi que a praia do
projeto Eco Estrela não está suja de piche. “Estamos monitorando”, disse
Maj. A ONG vai ajudar o grupo Gremi a montar o centro de proteção de
tartarugas no Eco Estrela. Maj explicou que, segundo os especialistas, a
mancha de óleo que está no mar está descendo em direção sul do país.
Gremi assinou contrato por 40 anos com a Six Senses, uma empresa
especializada em destinos de luxo e que vai administrar as operações da
primeira fase do projeto, ou seja, as 185 unidades. A Six Senses foi
adquirida em fevereiro deste ano por US$ 300 milhões pelo grupo
InterContinental, um dos maiores do mercado mundial de hotéis.
A primeira fase do projeto está avaliada em US$ 146 milhões. O
investimento será estruturado como um “reserved alternative investment
fund” (Raif), em Luxemburgo. O Gremi International, o grupo de
Hajdarowicz, vai deter US$ 46 milhões. E busca investidores para os
outros US$ 100 milhões.
Isso significa, explicou Maj, que o Gremi está vendendo 68% do
projeto por US$ 100 milhões e ficará com 32%, fatia avaliada em US$ 46
milhões. O valor mínimo de entrada no projeto é de US$ 1 milhão.
Gremi diz que o projeto estruturado em Raif reduz significativamente
riscos para os investidores comparados a outras opções de investimentos e
deve gerar retornos atrativos. Greg menciona algo como 17% de taxa
interna de retorno (TIR) por ano.
Uma vantagem do empreendimento é que Natal é uma capital
relativamente perto dos Estados Unidos e da Europa. Pode atrair mais
facilmente turistas de alta renda, que costumam viajar em seus próprios
jatos.
“Esse projeto no Rio Grande do Norte ilustra como o interesse polonês
por investimentos no Brasil está se diversificando”, disse o embaixador
brasileiro em Varsóvia, Hadil da Rocha Vianna. “O Brasil por sua vez
deveria aproveitar oportunidades concretas que, cada vez mais, a Polônia
vem oferecendo”.
Empresário polonês Grzegorz Hajdarowicz, do grupo Gremi.
Valor
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