O presidente Jair Bolsonaro mudou-se para o Palácio do Alvorada
quando assumiu o governo, em janeiro deste ano. O palácio estava vazio
desde 2017. O último inquilino, Michel Temer, havia morado lá por apenas
uma semana. Nesse curto período, disse que ouvia ruídos estranhos, não
conseguia dormir à noite e desconfiava que fantasmas rondavam o lugar.
Bolsonaro gosta do Alvorada, mas também tem seus fantasmas — e eles o
assombram permanentemente. O presidente vive cercado por seguranças, as
instalações do palácio são vigiadas por militares do Exército e, ainda
assim, ele não se sente totalmente seguro. Teme ser alvo de um novo
atentado. “A gente contraria o interesse de muita gente”, justifica.
Bolsonaro revela que, por precaução, dorme com uma pistola carregada ao
alcance da mão. “E ainda tem outras arminhas que ficam guardadas por
aí”, diz.
Ele não vê TV, não promove festas, não bebe e raramente recebe
visitas. A área reservada à família foi a única que preferiu não
mostrar. O presidente mora com a primeira-dama, Michelle, a enteada
Letícia e a filha Laura, de 9 anos. Bolsonaro também pediu que não
fossem fotografados os funcionários do palácio, especialmente os
taifeiros. Teme que possam ser reconhecidos por inimigos e, sob ameaça,
coagidos a fazer alguma loucura. Há sempre alguém destacado para
experimentar as refeições antes de elas serem levadas ao prato do
presidente.
Tamanha preocupação, segundo o presidente, não é fruto de paranoia.
Até hoje ele não engole a versão de que o atentado a faca que sofreu
durante a campanha foi obra exclusiva de um desequilibrado mental.
“Houve uma conspiração”, afirma. Provas, ele não tem, mas sua teoria
agora conta com mais um ingrediente intrigante (e provavelmente falso).
Bolsonaro acredita que, além do ex-garçom Adélio Bispo dos Santos de
Oliveira, autor da facada, uma figura do seu staff de campanha estaria
envolvida de alguma forma no plano para matá-lo. O presidente não revela
a quem se refere, mas, ao longo da entrevista, vai fornecendo detalhes
que apontam para um ex-ministro. O motivo da traição seria uma vingança
por ele não ter escolhido o ex-assessor como candidato a vice.
Bolsonaro na pauta.
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