Dois grandes incêndios no sudeste da Austrália se uniram nesta
sexta-feira (10), originando um incêndio gigantesco que assola um
território equivalente a quatro vezes a superfície da cidade de Nova
York, segundo a agência de notícias France Press (AFP). Na terça (6), as
autoridades haviam alertado para o risco destes incêndios se unirem.
As temperaturas subiram nesta sexta-feira para 40°C em algumas
regiões, agravando os incêndios que queimavam no estado de Nova Gales do
Sul e no estado vizinho de Victoria. Os ventos fortes na região foram
os responsáveis por espalhar as chamas e unir os dois incêndios.
“As condições estão difíceis hoje. Os ventos quentes e secos são
novamente um verdadeiro desafio”, disse o chefe dos bombeiros na zona
rural de Nova Gales do Sul, Shane Fitzsimmons, à AFP.
Várias ordens de evacuação foram emitidas para os moradores das áreas de fronteira entre ambos os estados.
‘Mudança de políticas, não de clima’
Em Sydney e em Melbourne, milhares de pessoas saíram às ruas para
exigir que o governo conservador da Austrália faça mais para combater as
mudanças climáticas globais e reduza as exportações de carvão.
“Mudança de políticas, não de clima”, dizia uma das faixas dos
manifestantes de acordo com a AFP, refletindo a crescente
conscientização sobre mudanças climáticas ligadas aos incêndios
devastadores.
Alguns manifestantes defendem que há uma campanha de desinformação
nas redes sociais que tem como objetivo desconsiderar o efeito das
mudanças climáticas sobre os incêndios e atribuí-los a uma origem
criminosa, assim como aos recordes de seca e às altas temperaturas.
Por outro lado, a hashtag #arsonemergency (“emergência incêndio
criminal”) tem sido usada por milhares de internautas que atribuem o
período de queimadas a ações criminais.
O primeiro-ministro Scott Morrison tentou, nesta sexta-feira, evitar
as perguntas dos jornalistas sobre se a mudança climática poderia
transformar em norma os terríveis incêndios desta temporada.
“Olha, já conversamos sobre isso várias vezes”, respondeu Morrison,
acrescentando que as avaliações relevantes serão feitas quando a
temporada de incêndios terminar.
Estado em alerta
A primeira-ministra de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian, disse
que há mais de 130 incêndios em seu estado, dos quais cerca de 50 ainda
estão fora de controle.
Dos 26 casos de pessoas mortas em consequência das queimadas em todo
país, 18 ocorreram em Nova Gales do Sul. Dos mais de 8 milhões de
hectares destruídos em todo o país, cerca de 5 milhões são de terras do
estado. Além disso, 24 mil pessoas foram afetadas por problemas na rede
elétrica da região.
A situação também é particularmente preocupante na Ilha Kangaroo,
terceira maior ilha da Austrália, composta por reservas ambientais que
abrigam animais silvestres e espécies em extinção. Kingscote, maior
cidade da ilha, está isolada do resto do mundo, devido aos enormes
incêndios.
Especialistas da Universidade de Sydney acreditam que a catástrofe
matou um bilhão de animais, um balanço que inclui mamíferos, pássaros e
répteis.
Em 2019, a Austrália teve seu ano mais quente e seco, com a mais alta
temperatura máxima média já registrada em dezembro: 41,9ºC.
Grave.
G1
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