-

* 'Não se calem', diz PM criticado por beijo gay durante formatura no DF.

O soldado da Polícia Militar do Distrito Federal criticado após publicar uma foto de beijo gay durante a formatura na corporação se manifestou sobre o caso nesta terça-feira (14). Proibido pela PM de dar entrevistas, ele postou em uma rede social:
"Mesmo que eu esteja 'calado', não se calem."
A polêmica começou no último sábado (11), após a divulgação de fotos que mostravam beijos gays entre o soldado e o namorado, ao lado de uma cabo e a companheira, durante a cerimônia de formatura. A repercussão cresceu depois que um tenente-coronel da reserva divulgou em grupos de colegas um áudio criticando as imagens. 

Na gravação, ele afirma que as demonstrações de afeto foram uma "avacalhação" e "frescura" e que a imagem da corporação estaria "irreversivelmente maculada" (veja mais abaixo). O Ministério Público do DF apura se o caso constitui homofobia.
Já a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF pediu à Polícia Militar uma investigação sobre o episódio. A corporação disse que "os áudios atribuídos a um coronel da reserva remunerada manifestam uma opinião pessoal, e serão analisados". 

Afirmou ainda que não coaduna ou apregoa quaisquer tipos de preconceito e proibiu os militares envolvidos de conceder entrevistas.

O que dizem os namorados dos PMs?

Nesta terça-feira, o G1 conversou com os namorados dos dois PMs envolvidos no episódio. O cabeleireiro Diogo Geovane, de 26 anos, que mantém um relacionamento com o soldado que aparece nas fotos, disse à reportagem que o companheiro está abalado com as críticas divulgadas nos grupos de PMs nas redes sociais.
"Após o áudio, ele começou a pensar muito sobre como seria no seu trabalho, pois fomentou muito o discurso favorável ao ódio. Agora ele está de recesso, mas tem muito medo de como vai ser recebido."
Questionado sobre a proibição de o companheiro dar entrevista, o namorado disse que o militar respeita a decisão da PM.
"Ao analisar a proporção disso tudo, ele queria muito falar, dar voz ao movimento, mas a PMDF o proibiu de falar sobre. Então ele fica em silêncio, muito agoniado, mas respeita a corporação e respeitou a decisão". 
Ele também criticou o argumento de que não poderia beijar o companheiro por conta da farda que o militar vestia na cerimônia. 

"Muita gente diz que não poderíamos nem ter dado o selinho, mas é um ato comum. Por exemplo, o casamento dos membros da policia é uma cerimônia em que eles ficam fardados, e existe o momento de beijo. Então é uma justificativa muito falha dizer que não pode." 

Já a assistente administrativa Aline Vasconcelos, de 37 anos, que aparece na foto beijando a namorada PM, contou à reportagem que a foto foi tirada quando elas chegaram no local da festa, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. 

De acordo com Aline, a companheira ficou decepcionada com o que aconteceu.
"Estávamos todos comemorando a formação dos soldados, nos divertindo. Ambiente que tinha casais gays, casais heterossexuais. Demonstrar amor e carinho pelo seu companheiro não é crime."

O áudio

No áudio que circula nas redes sociais, o tenente-coronel criticou os beijos dos casais LGBTs. Na gravação, ele afirmou que os colegas gays "não se criam" e que a corporação foi "irreversivelmente maculada" por conta da divulgação nas redes sociais.
"Eles não se criam. Mas a nossa corporação já foi irreversivelmente maculada. Nós hoje somos motivo de chacota no Brasil inteiro [...]. Muito obrigado, senhores, os senhores conseguiram destruir a reputação da nossa Polícia Militar.”
"Não tenho nada a ver com a sexualidade deles. A porção terminal do intestino é deles e eles fazem o que quiserem. Uma coisa é o que se faz quando se está fardado […]. Aprendemos sempre que se deve preservar a honra e o pundonor policial militar. Então é isso que foi quebrado ali. Aquela avacalhação, aquela frescura ali poderia ter sido evitada. É lamentável", diz a gravação. 

Nossa seu moço.
 G1
Proxima
« Anterior
Anterior
Proxima »