A menos de 40 dias do prazo limite estabelecido pela Justiça Eleitoral para que os partidos políticos obtenham registro para disputar as eleições municipais deste ano, a cúpula da Aliança pelo Brasil, sigla que o presidente Jair Bolsonaro tenta criar, admite que não vai conseguir participar dos pleitos deste ano. Até ontem, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia validado apenas 3.334 assinaturas – são necessárias, no mínimo, 492 mil para obtenção do registro.
De acordo com o advogado Luís Felipe Belmonte dos Santos, segundo vice-presidente e principal operador do partido a ser criado,
foram coletadas mais de 1 milhão de assinaturas, mas elas não foram
reconhecidas nos cartórios eleitorais. “Nossa parte foi feita, mas os
cartórios eleitorais estão recusando todas as fichas com firma
reconhecida. Eles alegam que não houve regulamentação. Além disso, o
sistema cai toda hora. Os cartórios eleitorais não estavam preparados
para um volume tão grande (de assinaturas)”, disse Belmonte.
O TSE, porém, informou que o Aliança apresentou um total de 66.252
assinaturas – além das 3.334 validadas, outras 48.127 estão em prazo de
impugnação, 2.593 na fase de análise dos cartórios e 12.198 já foram
consideradas inaptas.
Na tentativa de se viabilizar, o Aliança mandou um pedido ao TSE
perguntando se era possível dispensar a validação de assinaturas pela
Justiça Eleitoral quando o apoio tivesse sido reconhecido por tabelião
do registro de notas. O pedido ainda tramita na Corte Eleitoral.
Diante da dificuldade, o discurso bolsonarista agora é que não há
pressa em registrar a legenda. “O presidente não está pensando na
próxima eleição, mas na próxima geração. Se não der agora, não tem
problema, até porque seria um risco. Não haveria tempo de, em duas
semanas, formar diretórios, filiar e procurar candidatos em 5.700
municípios”, disse Belmonte.
“O presidente não quer quantidade, mas qualidade. Ele quer pessoas de confiança para evitar que se repita o que houve com o PSL”, afirmou o advogado, em referência ao partido pelo qual Bolsonaro se elegeu, e do qual se desfilou em novembro.
Ausência. A avaliação de Belmonte é que a ausência do Aliança nas eleições de 2020 não
terá peso relevante no projeto de reeleição de Bolsonaro em 2022. “O
nome dele tem força e não depende de prefeitos o apoiando. O presidente
deve apoiar candidatos pontuais. A lógica de ter que eleger muitos
prefeitos para ter uma base na disputa presidencial foi destroçada em
2018.”
Nossa...
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