Tudo acontece rápido para Ingryd Rainha (sobrenome real, não
artístico). Ela aprendeu a cantar em uma igreja evangélica do Rio na
infância e virou rapper por acaso aos 17 anos. Saiu de casa brigada com
familiares aos 18 e hoje, aos 19, tem uma das músicas mais tocadas no
país, o funk “Vem me satisfazer”.
Não é só nos EUA que a música pop está sendo tomada por adolescentes
que saem direto da puberdade para o topo das paradas – como Billie
Eilish, da mesma idade da Ingryd.
A brasileira prepara as malas para fazer shows em Portugal em fevereiro e emendar na volta um show no Bloco da Lexa no carnaval.
Subida de mansinho até o verão
A cantora da Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio, nem sonhava em ir tão
longe com seu primeiro funk. A faixa saiu em agosto de 2019 e cresceu do
mesmo jeito que ela canta: de mansinho.
Primeiro começou a tocar nos bailes da comunidade, depois no resto do
Rio e finalmente pelo Brasil, com ajuda de um remix brega-funk.
Com a subida aos poucos, ela deu a sorte de chegar ao top 10 de
streaming no Brasil em boa época: na véspera do carnaval. A parceria com
o DJ Henrique da VK tem tudo para ser um dos sucessos das festas, tanto
na versão original quanto no remix do DJ Pernambuco com MC Elvis.
Começo no trap
A letra de “Vem me satisfazer” cita o lean, mistura de xarope
anestésico com refrigerante e bala de goma, entorpecente da moda entre
rappers nos EUA. É símbolo do trap, subgênero popular que ganha adeptos
no Brasil. Ingryd ouvia trap por influência de dois amigos da Vila
Kennedy, Arthur e Gigante.
“Eles têm um estúdio e estavam procurando uma voz feminina para uma
música. Falei que sabia cantar, que cantava na igreja quando pequena.
Eles viram que eu tinha voz para andar por conta própria. Comecei a
escrever várias ideias, várias letras”, conta Ingryd.
Apesar da referência ao lean, “Vem me satisfazer” está no ritmo
carioca do funk 150. O Rio está cheio de funkeiras em alta. Ingryd é fã
de Ludmilla, Lexa, Rebecca e Anitta, porém diz buscar um estilo próprio.
Mas ela se compara a um cantor. Diz que sua voz mais lenta “é tipo um
Kevin o Chris feminino.”
Da igreja à independência
Foi a mãe de Ingryd que a levou para a igreja evangélica quando
criança. “Entrei para o grupo de canto, aprendi a cantar lá, mas depois
saí da igreja e comecei a gostar de rap”. E os conhecidos da época da
igreja, o que acham dos funk com letras ousadas? “Muita gente tem
preconceito”, ela diz.
Funkeira...
G1
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