Um carioca de 55 anos teve que ser internado na UTI de um hospital
privado da cidade dois dias depois de apresentar os primeiros sinais da
Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
Ele não tem a idade considerada como grupo de risco, que é acima de
60 anos, nem outra comorbidade, ou seja, doenças previamente
diagnosticadas, como hipertensão, diabetes ou problemas cardíacos e
respiratórios — que também agravam o quadro da doença.
— Estava meio de piada com essa história, achando que era bobagem,
que era só uma gripe… não é nada disso. Não é uma gripe comum. Achei que
ia morrer — afirma o paciente, que segue internado em recuperação.
Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China apontam
que a letalidade do vírus é de 0,2% entre 10 e 39 anos; sobe para 0,4%
entre 40 e 49 anos; e depois para 1,3% em pessoas com idades entre 50 e
59.
O grupo de risco começa com 60 anos, com uma taxa mortalidade de 3,6%
dos infectados; depois pula 8% no grupo entre 70 e 79 anos e chega a
14,8% nos idosos com mais de 80 anos.
O paciente do Rio, que pediu para não ser identificado, chegou da
Suíça na sexta-feira retrasada (6). Na terça-feira seguinte, começou a
sentir calafrios com tosse e espirros durante uma reunião. Ele mandou
uma mensagem à mulher, que encaminhou ao médico do casal.
— Ele me mandou sair da reunião e ir direto para o hospital. Ainda
falei com ele que não tinha como sair porque tinha um monte de gente na
reunião. Falei que no final do dia eu passava lá. Ele falou: ‘Cara, você
não está entendendo. Você tem que sair daí agora porque cada pessoa que
está aí com você tem risco de pegar. E pode ter um pai velho ou alguém
doente que poderá sofrer mais’ — lembra o paciente.
Foi este argumento que o convenceu. Ele pediu desculpas ao cliente e
foi para o hospital. Fez exames — a tomografia detectou que o pulmão
estava limpo — e, na quinta-feira, chegou o resultado positivo para a
Covid-19.
— Até aí eu estava tranquilo, em casa, no isolamento. Tinha só uma febre baixa e uma tosse leve— lembra.
Na quinta à noite, no entanto, começou a falta de ar. Ligou para o
médico, que ouviu o chiado do peito do paciente através do celular. A
orientação foi retornar ao hospital na manhã seguinte. Quando refizeram a
tomografia (três dias depois da primeira), ele já estava com pneumonia
dupla.
— Sexta, sábado e domingo foi pauleira. Sexta, sinceramente, achei
que ia morrer. Muito sono, prostrado. Não é uma gripe normal. É uma
coisa completamente diferente — afirmou. — Desde a internação, só tenho
visto astronautas aqui, os médicos e enfermeiros com aquelas roupas de
proteção.
A mulher do paciente também pegou a doença e está em isolamento em
casa. Outras três pessoas que moram com o casal, e viajaram juntos,
estão sem a doença, também na residência. A mulher com a doença fica o
tempo todo dentro do quarto com um banheiro exclusivo.
— Na hora que isso bater nas comunidades, vai ser uma carnificina.
Quando pegar o sistema de saúde que nós temos, sem estrutura nenhuma,
com as pessoas morando aglomeradas nesses lugares, muita gente vai
morrer — acredita.
O Brasil tem 234 casos confirmados do novo coronavírus. A informação é
do Ministério da Saúde, atualizada às 15h50 desta segunda.
São Paulo segue com o maior número de pessoas doentes. São 152, seguido pelo Rio, com 32.
Em seguida vêm Distrito Federal (13), Santa Catarina (7), Paraná (6),
Rio Grande do Sul (6), Minas Gerais (5), Goiás (3), Mato Grosso do Sul
(2), Bahia (2), Pernambuco (2), Espírito Santo (1), Alagoas (1), Rio
Grande do Norte (1), Sergipe (1) e Amazonas (1).
É muito grave...
O Globo
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