A rede Prevent Senior diz ter registrado nesta quinta-feira (19) a
quinta morte pelo coronavírus em São Paulo. A operadora de saúde não
informou em qual hospital ocorreu a morte. Até a última atualização
desta reportagem, a Secretaria Estadual de Saúde não havia confirmado
essa informação.
A operadora não revelou mais informações sobre o perfil do paciente,
mas informou que 33 pacientes estão na UTI, sendo que 12 tiveram exames
confirmados para a doença Covid-19. Os outros 21 aguardavam o resultado
do exame até a última atualização desta reportagem.
Em nota, a Prevent Senior diz ainda que há 90 pacientes “em
acomodação apartamento, sendo 16 positivos para Covid-19 e 74 aguardando
resultado do exame”.
Ao todo, país vai a 7 casos de morte em decorrência do Coronavírus no
Brasil. No Rio de Janeiro, duas mortes foram confirmadas nesta
quinta-feira (19).
Casos confirmados pela Secretaria de Saúde
As três mortes confirmadas na quarta (18) são de homens, com
problemas de saúde anteriores e idades de 65, 81 e 85 anos, segundo o
órgão. Todos foram atendidos em hospital privado da capital paulista. O
paciente de 81 anos é morador do município de Jundiaí e os demais de São
Paulo.
O primeiro caso no Brasil de morte de pessoa infectada pelo novo
vírus (Sars-Cov-2) foi confirmado nesta terça-feira (17) na capital
paulista. Já no começo da tarde desta quarta-feira (18) outras duas
mortes foram registradas por uma rede de hospitais particulares de São
Paulo, e os registros foram confirmados pela secretaria.
O estado de São Paulo também registra 240 casos confirmados da
doença, segundo balanço desta quarta-feira (18). Trata-se de um aumento
de 46% em relação ao balanço anterior, que confirmava 164 casos.
Desses 240 casas, 214 estão na cidade de São Paulo, 6 em São Caetano do Sul, 6 em Santo André e 3 em São Bernardo do Campo.
Osasco, Ferraz de Vasconcelos, Cotia, Barueri, Guarulhos, Mauá,
Santana do Parnaíba, São José dos Campos, Campinas, São José do Rio
Preto e Jaguariúna registram um caso confirmado cada.
O balanço desta quarta-feira (18) registra as primeiros casos do novo
coronavírus no interior do estado. Até o balanço anterior, todos os
registros estavam restritos a cidades da Grande São Paulo.
Em todo o Brasil são 512 pessoas infectadas, segundo as secretarias
estaduais brasileiras. O boletim do Ministério da Saúde desta
quarta-feira aponta 291 pacientes infectados.
Primeiro caso
O estado de São Paulo registrou o primeiro caso no Brasil de morte
pelo novo coronavírus nesta terça-feira (17). A primeira vítima é um
homem de 62 anos que estava internado no Hospital Sancta Maggiore, da
Rede Prevent Senior, no Paraíso, na capital paulista.
A vítima morava na cidade de São Paulo e tinha histórico de diabetes e
hipertensão, além de hiperplasia prostática — um aumento benigno da
próstata que não é uma doença, mas uma condição comum em homens mais
velhos e que pode causar infecções urinárias.
Segundo o infectologista David Uip, a vítima teve os primeiros
sintomas da doença no dia 10 de março, sendo internada quatro dias
depois, dia 14, e falecendo às 16h03 desta segunda-feira (16).
“Infelizmente o ocorrido foi o primeiro óbito aqui. Um homem morador
de São Paulo internado num hospital privado e o diagnóstico de
coronavírus foi feito também por um laboratório privado. Ele veio a
óbito ontem 16h03 e não tem histórico. Fomos informados oficialmente
hoje às 10h. Existem quatro outros óbitos neste mesmo serviço particular
que estão sendo investigados. Assim que tivermos informações sendo ou
não coronavírus vamos informá-los”, afirmou David Uip.
O secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, informou que o
homem não tinha histórico de viagens ao exterior e está sendo tratado
como caso de transmissão comunitária do vírus.
“Temos que repensar cada vez mais as medidas de prevenção,
principalmente por se tratar de um óbito comunitário”, declarou o
secretário.
De acordo com estimativa do secretário estadual de Saúde paulista,
José Henrique Germann, 20% dos pacientes registrados com coronavírus em
SP estão em estado grave na UTI.
Revisão de protocolos
Para o infectologista David Uip, a morte do primeiro paciente está
levando as autoridades paulistas a rever os entendimentos sobre os
períodos de evolução da doença nos pacientes graves.
“Foi uma evolução rápida, da internação ao óbito. O caso desse
[primeiro] paciente está fazendo a gente entender como se comporta a
doença. Nós imaginávamos que o período de encubação da doença era de até
14 dias, mas a média está sendo de 6 a 8 dias até a doença se
manifestar. Vamos inclusive sugerir ao Ministério da Saúde que diminua o
tempo de quarentena de até 14 dias para dez”, disse Uip.
Sepultamentos
Na entrevista coletiva também foi esclarecido como será o trabalho
dos agentes funerários durante o sepultamento de vítimas do coronavírus
em São Paulo. No caso dos velórios, a orientação, segundo o secretário
da Saúde, é de fechar o caixão para evitar o contato das pessoas. Caberá
ao serviço de verificação de óbito liberar os corpos e já existe um
protocolo específico para isso, segundo Paulo Menezes, coordenador do
comitê de operações emergenciais (COE) da Secretaria Estadual de Saúde.
“A orientação é colocar o corpo num saco plástico, fechar e limpar
externamente o saco com álcool, que é uma substância muito eficiente
contra o coronavírus”, declarou Menezes.
Com o aumento do número de mortes ao redor do mundo, vários países já
estabeleceram protocolos de segurança com relação aos mortos. A China
proibiu funerais, assim como a Itália. A Espanha recomenda velórios sem
aglomeração de pessoas, assim como o Ministério da Saúde do Brasil.
“Este óbito, infelizmente outros virão, não devem criar pânico na
população. Essa é uma circunstância de quem lida com doente grave e
muitas vezes a gripe se torna uma doença grave, a semelhança com a
influenza. Nos EUA tem uma média de 30 mil óbitos por influenza por ano.
Esperamos que não tenha mais nenhum óbito em São Paulo, mas a
contingência de lidar com doentes graves implica em ter perdas, então
isso não muda nada no estado a forma de entender a epidemia. E não deve
chegar a população como algo inesperado e criar uma situação de pânico
porque não é assim”, afirmou o infectologista Davi Uip.
Doações de sangue
Ao informar sobre a primeira morte de paciente como coronavírus, o
governo do estado de São Paulo fez um alerta e um pedido à população da
cidade de São Paulo para que façam doações de sangue pois, segundo o
coordenador de Centro de Contingenciamento para o Coronavírus em São
Paulo, o médico David Uip, os bancos da capital estão “praticamente
vazios”.
“Eu preciso dar um informe, que preciso de muito apoio de vocês: os
nossos bancos de sangue estão praticamente sem sangue. O banco de sangue
que tem mais sangue, tem sangue hoje para praticamente uma uma semana”,
declarou.
O governo de São Paulo avalia que o surto de coronavírus deve durar
“de quatro a cinco meses”. No entanto, as medidas restritivas adotadas
pela administração estadual, como a suspensão das aulas e a restrição de
eventos (leia mais abaixo), não devem ser aplicadas durante todo este
período.
Medidas de contenção do vírus
A pandemia de coronavírus que atingiu o Brasil tem levado o governo e
a prefeitura de São Paulo a tomarem uma série de medidas para impedir
aglomeração de pessoas. O governador João Doria anunciou nesta
quarta-feira (18) o fechamento de todos os shoppings centers e academias
da capital paulista e da região metropolitana de São Paulo para deter a
propagação vírus.
Os shoppings têm até a próxima segunda-feira (23) para fechar as
portas e o fechamento deve durar preliminarmente até o dia 30 de abril. A
medida não se aplica a shoppings do interior e do litoral, apenas da
Grande São Paulo, segundo o governo. Por meio de nota, a Associação
Brasileira de Lojistas de Shopping (ALSHOP) informou que irá cumprir
integralmente a determinação dos governos estaduais quanto ao fechamento
dos shoppings até a data estipulada.
Vacinação em SP
O governo paulista também anunciou que a vacina contra a gripe será
oferecida gratuitamente em farmácias a partir do dia 13 de abril. A
campanha de vacinação contra o vírus influenza começa na próxima
segunda-feira (23) nos postos de saúde. A vacina contra a gripe não
protege contra o novo coronavírus, mas médicos destacam que é importante
que a população esteja imunizada contra a gripe comum para facilitar o
diagnóstico do novo vírus.
“Nas farmácias, a vacinação será gratuita e válida a partir do dia 13
de abril e nos postos de saúde a partir do dia 23 de março”, disse o
governador João Doria em coletiva.
Grave...
G1
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