A Comissão de Enfrentamento ao Coronavírus da Assembleia Legislativa
voltou a se reunir na tarde desta quarta-feira (08), por
videoconferência. Dessa vez, o colegiado debateu as ações que estão
sendo implementadas no combate à COVID-19 com o presidente do Sindicato
dos Médicos do Rio Grande do Norte, (Sinmed/RN), Geraldo Ferreira, e o
presidente da Unimed-Natal, Fernando Pinto.
Sobre a possibilidade do sistema de saúde entrar em colapso, Geraldo
Ferreira, presidente do Sinmed-RN, disse que isso já existia e que
atualmente a situação “está até melhor que antes da pandemia”. Isso “em
razão da suspensão de cirurgias eletivas e diminuição de acidentes
provocada pela quarentena”. Segundo Geraldo, “o sistema sempre viveu
colapsado. Os hospitais privados inclusive, hoje estão vazios esperando
pacientes. A informação que temos é de pedido de socorro para o Governo
do Estado utilizar esses leitos porque eles estão em via de demitirem
seus funcionários, porque estão vazios”, explicou.
O presidente do Sinmed-RN, questionou os números que apontam a
quantidade de vítimas no Estado até meados de maio, caso o percentual de
isolamento continue na estimativa atual – cerca de 42% da população.
“Não se levou em conta que ao se ter metade da população contaminada, há
uma imunidade natural da população. Esses estudos precisam ser
rebatidos diante de uma realidade. A medida que infectados crescem, a
transmissão fica menor porque as pessoas vão ficando imune. Esse
crescimento não é geométrico permanentemente. Ela cai após 50% da
população ser atingida, porque há imunidade coletiva, de rebanho. Quem
está imunizado protege os demais”, explicou.
Geraldo Ferreira criticou ainda o investimento de R$ 37 milhões em um
hospital de campanha no RN. O médico defende que os recursos sejam
direcionados para a própria rede pública, como forma de garantir a
implantação de leitos de UTIs que já existem, mas não estão funcionando,
seja por falta de equipamentos ou de profissionais.
“Estive em Macaíba, no Hospital. Macaíba vivia lotado. Hoje existem
leitos disponíveis. A UTI de Macaíba tem 10 leitos com equipamentos e
não foram colocados para funcionar. Precisamos aproveitar este momento
para colocar o sistema público para funcionar. Se não voltaremos a mesma
situação anterior, as pessoas mendigando uma internação ou vaga na UTI.
Todos sabem que a realidade é essa”, disse.
Fernando Pinto, presidente da Unimed-Natal, fez uma rápida apresentação
da situação enfrentada pelo Estado. O médico fez um breve resumo do
histórico da doença e das ações que já foram implantadas no Estado. No
fim, enfatizou a importância de uma maior supressão da sociedade, no
sentido de aumentar ainda mais o isolamento social.
“Estamos diante da maior crise de saúde pública mundial”, disse o
especialista. “Quanto mais tempo se demorar para tomar decisão por
isolamento social, pior ficará o cenário. Não podemos menosprezar as
informações. Nós precisamos achatar a curva de infectados, prolongando o
espaço de tempo para garantir o atendimento a todos no sistema”, disse
Fernando Pinto.
O presidente da Unimed destacou ainda que “se houver postergação de
supressão da população poderá ser tarde demais e teremos um cenário que
não poderá ser revertido. É preciso se conscientizar do tamanho do
problema. Não tem outro caminho no momento, do ponto de vista técnico e
médico, a não ser o isolamento social. Precisamos fazer com que as
pessoas fiquem em casa. Precisamos levar a uma situação de supressão
maior. Se não tomarmos essa decisão, sistema de saúde vai colapsar”.
Segundo o presidente da Comissão, deputado Kelps Lima (SDD), o
Legislativo potiguar quer ouvir todos os setores da sociedade envolvidos
no grande enfrentamento à pandemia do Coronavírus. O colegiado é
composto ainda pelos deputados Francisco do PT, Sandro Pimentel (Psol),
Getúlio Rêgo (DEM), Tomba Farias (PSDB) e Dr. Bernardo (Avante) – todos
participaram da reunião.
Para Kelps, “erros podem até ocorrer, e é natural que ocorram em um
momento assim. Mas é importante a questão da legalidade. O Governo do
Estado deveria ouvir as pessoas da área para decidir se essa questão do
Hospital de Campanha é a melhor alternativa”.
Para o deputado Francisco do PT, “é melhor prevenir do que remediar.
Vidas não têm preço. Seja quantas perdermos, não tem como quantificar.
Mas sou consciente que há efeitos dessa situação na vida das pessoas. É
preciso achar um ponto de equilíbrio em momento como esse”.
Já Getúlio Rêgo destacou a importância dos deputados se dedicarem a
fiscalizar as ações do Estado no combate ao Coronavírus, assim como
ressaltou o papel das empresas privadas em buscar soluções para o
atendimento de seus clientes.
Os deputados Tomba Farias e Sandro Pimentel, parabenizaram aos
debatedores pela apresentação. O socialista disse ainda que este momento
é importante para que sejam esclarecidas dúvidas em torno da COVID-19
e, também, das ações em debate para conter o Coronavírus.
Comissão em ação...
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