O governador de São Paulo, João Doria
(PSDB), telefonou para o ministro da Economia, Paulo Guedes, no último
fim de semana. O mundo político estava sob impacto da demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça, confirmada em 24 de abril de 2020. Deu-se então o seguinte diálogo relatado por 5 pessoas ao Poder360:
João Doria – Paulo, estou te ligando não como
governador, mas como amigo. Quem sustentava governo era o Sergio Moro e
você. Agora, sobrou você. Você é muito admirado. Em nome da sua
biografia, quero te dar 1 conselho: desembarque do governo agora.
Paulo Guedes – João, eu agradeço sua ligação,
mas não sou eu que sustento o governo Bolsonaro. Quem sustenta o governo
é o povo que elegeu o presidente. Ele tem 1/3 de apoio. E outro 1/3 que
fica no meio do caminho depois vai apoiá-lo. João, o país vive 1
momento democrático que é barulhento, mas virtuoso.
Esse diálogo do último fim de semana foi assunto numa reunião seguida
de almoço entre empresários e o presidente Jair Bolsonaro, na 4ª feira
(29.abr.2020). Estavam presentes no Palácio do Planalto Flávio Rocha
(Riachuelo), Luciano Hang (Havan), Meyer Joseph Nigri (Tecnisa),
Sebastião Bomfim (Centauro) e Washington Cinel (Gocil). Pelo governo,
além do presidente, estavam os ministros Paulo Guedes (Economia) e Braga
Netto (Casa Civil), além do chefe da Secom (Secretaria de Comunicação),
Fabio Wajngarten, e do deputado Fábio Faria (PSD-RN).
“PG, conta o que o ‘gravatinha’ te falou outro dia”, estimulou
Bolsonaro, referindo-se ao seu ministro da Economia pelas iniciais.
Guedes havia relatado a conversa apenas ao presidente, dizendo que tudo
foi em tom ameno. Mas aí descreveu o diálogo para os presentes.
A opinião média à mesa foi a de que Doria está realmente em processo
de forte atuação política em meio à atual crise provocada pela pandemia
de coronavírus. Empresários e Bolsonaro acham que o governador de São
Paulo pretendia desestabilizar o governo ao estimular a saída de Paulo
Guedes.
O relacionamento entre Doria e Guedes é antigo. Os 2 quase foram sócios quando o hoje ministro da Economia era investidor na empresa HSM, uma plataforma de educação corporativa, e o tucano ainda estava no comando do Lide, a empresa de eventos e relacionamentos mais conhecida do país. A sociedade não prosperou.
Em 2018, Doria e Guedes se reaproximaram. Isso ocorreu num evento de
campanha em que o então candidato ao governo de São Paulo foi ao Rio de
Janeiro na expectativa de receber apoio explícito de Bolsonaro. Não foi
possível. Quem disse na ocasião que apoiava o tucano foi o economista
Paulo Guedes, que fazia parte do staff de campanha bolsonarista.
Na primeira metade do governo Bolsonaro, em 2019, Guedes atuou sempre
para tentar aproximar o presidente e o governador. A partir de 1
determinado momento, percebeu que os 2 estavam irreconciliáveis e
resolveu desistir.
Mais recentemente, Doria fez elogios públicos a 2 ministros que considerava “republicanos” na
administração Bolsonaro: Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro
(Justiça). Os 2 já saíram da Esplanada. Guedes acusou o golpe, pois
entendeu que Doria o fustigou ao não o incluir no grupo dos
republicanos.
A conversa do último fim de semana foi inciativa de Doria. O Poder360 ouviu
todo esse relato de pessoas que participaram do almoço de 4ª feira.
Procurado, Paulo Guedes preferiu não falar. João Doria disse: “Foi uma conversa pessoal. Não pública”. Não quis comentar o conteúdo do diálogo.
Nossa...
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