-

* Caos: Após parto de urgência, mulher com suspeita de Covid-19 fica entubada em sala improvisada por falta de UTI em Natal.


Uma mulher grávida com suspeita de Covid-19 ficou entubada na sala de cirurgia após o parto no Hospital Santa Catarina, por falta de leito de UTI. Segundo os funcionários, a unidade, que fica na Zona Norte de Natal, é tida como referência para o atendimento às gestantes suspeitas ou com quadro confirmado da doença, mas só dispõe de uma vaga de Unidade de Terapia Intensiva destinada a pacientes adultos do coronavírus. Além disso, esse leito não necessariamente é utilizado por grávidas.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) alega estão sendo estruturados cinco leitos de UTI Covid no Hospital Santa Catarina, com previsão de abertura na próxima semana.
·  
Edneide Eugênia da Silva tem 35 anos e estava grávida de sete meses de uma menina. Ela foi internada na terça-feira (26) apresentando os sintomas da Covid-19. Devido ao quadro agravado de saúde, precisou ser submetida a uma cesária e, depois do parto, foi entubada na mesma sala em que fez a cirurgia. 

O marido de Edneide, o cortador de mármore Geovan Teixeira da Silva, foi quem a socorreu ao hospital, depois de ela sentir dores e falta de ar. O primeiro destino foi a Maternidade Municipal Araken Irerê Pinto, no Tirol, Zona Leste da capital. 

“Foi medicada e de lá foi transferida para o Santa Catarina. Chegando lá, foi medicada novamente e eu fiquei aguardando. Foi aí que a médica veio e me disse que ia precisar tirar a bebê dela, devido à complicação”, relatou. 

Uma funcionária do Hospital Santa Catarina, que pediu para ter a identidade preservada, informou que a unidade tem 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva. Contudo apenas um deles com isolamento, destinado a pacientes infectados pelo novo coronavírus. 

“O Santa Catarina é um hospital de referência para pacientes gestantes em trabalho de parto suspeitas, ou confirmadas (de Covid-19), a partir de 32 semanas, mas nós não temos leitos de UTI de retaguarda”, revelou a funcionária. 

Uma enfermeira da unidade contou à reportagem que está sendo difícil tratar os pacientes com suspeita de Covid-19, porque o hospital não está preparado para isso. “Nós tivemos há pouco tempo essa paciente jovem, com 32 semanas de gestação, que teve que ser submetida à cesárea. E, como nós não tínhamos vaga de UTI, a paciente teve que ficar em sala operatória no respirador. E aí a gente se pergunta como é que um hospital é referência para gestantes com suspeita ou confirmadas, se nós não temos como dar um Suporte de Terapia Intensiva caso elas precisem”, reclamou. 

O bebê que nasceu prematuro permanece internado em uma UTI neonatal do Hospital Santa Catarina. Tanto a criança quanto a mãe foram submetidas ao exame de diagnóstico do novo coronavírus, porém ainda esperam o resultado. 

Também por nota, a Sesap informou que Edneide Silva conseguiu vaga no Hospital Luiz Antônio, entretanto aguardava uma ambulância disponível para transporte neste sábado (30), quatro dias após o parto. Esta foi a última informação até a publicação desta matéria. 

Disponibilidade de leitos

De acordo com o portal RegulaRN, que divulga a ocupação dos hospitais no estado, dos 204 leitos críticos disponíveis para pacientes com o novo coronavírus, 20 estão disponíveis. Ainda segundo o site, 59,1% dessas pessoas estão internadas em UTIs. 

O RegulaRN mostra que, do total de leitos, há mais 20 com status de “bloqueado”. Esse bloqueio ocorre por diferentes motivos que impedem a operação, sendo que a maior parte está sem funcionar porque está em manutenção. 
Edneide Eugênia da Silva tem 35 anos, estava grávida de sete meses e apresenta sintomas da Covid-19 — Foto: Arquivo da família 
 G1
Proxima
« Anterior
Anterior
Proxima »