Oficialmente, assessores do presidente
Jair Bolsonaro passaram os últimos dias repetindo que Fabrício Queiroz e
Frederick Wassef “complicaram”a vida de Flávio Bolsonaro, que nada
sabia sobre o paradeiro do ex-assessor.
Flávio, inclusive, adotou a estratégia de repetir também a quem lhe
perguntasse que não poderia imaginar essa situação e que está vivendo um
turbilhão.
O Palácio do Planalto, do ponto de vista da sobrevivência política de
Flávio, respira aliviado, por ora: avalia que, se o escândalo estivesse
no colo de Eduardo ou Carlos Bolsonaro, dificilmente conseguiriam
salvar o mandato de um dos filhos “non gratos” do presidente, nas
palavras de um interlocutor de Bolsonaro.
Mas, no caso de Flávio, avaliam que ele tem o “apreço” de senadores,
incluindo de oposição, e buscam blindagem ao senador junto aos
parlamentares. Por isso, apostam no espírito de corpo para salvar Flávio
politicamente, que será reforçado com a cobrança — e entrega — de novos
cargos ao centrão.
No entanto, admitem que este é o quadro “por ora”: um ministro do
governo Bolsonaro afirma que, “até aqui”, Flávio está protegido
politicamente pois conseguiu, de certa forma, isolar Wassef. Mas o
Planalto classifica o advogado como “imprevisível e incontrolável” — e
teme mais o que ele possa fazer e dizer do que Queiroz. Motivo: a
família Bolsonaro conhece Queiroz de longa data, e acredita que ele se
comporte como um “soldado”.
Além disso, repetem que qualquer acusação ou contato que ele alegue
eventualmente ter feito com o presidente seria anterior ao mandato atual
— por isso Bolsonaro não poderia ser julgado por fatos cometidos
anteriormente ao mandato. O art. 86, parágrafo 4, da Constituição
Federal impede que o Presidente da República, durante a vigência de seu
mandato, sofra persecução penal, por atos que se revelarem estranhos ao
exercício das funções inerentes ao ofício presidencial.
Já sobre Wassef, assessores do presidente afirmam não terem
Informações suficientes para traçar uma previsão. Além disso, ele possui
informações sobre o atual mandato do presidente quando, de fato, ganhou
a confiança de Bolsonaro e acesso livre ao Palácio do Planalto e da
Alvorada.
Por isso, hoje, uma eventual prisão do advogado — se comprovada, por
exemplo, uma tentativa de obstrução de justiça —, levará a crise
palaciana para outro patamar, já que ele não só advogou para Flávio, mas
conhece todo o bastidor jurídico de Jair Bolsonaro enquanto presidente
da República, que lhe deu procurações para ser representado por Wassef
em alguns casos.
Bomba relógio.
Andréia Sadi – G1Registe-se aqui com seu e-mail
ConversãoConversão EmoticonEmoticon