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* Ciro Nogueira é o maior beneficiado com a operação de hoje no Piauí.

O senador e presidente nacional do Progressistas, Ciro Nogueira, está sorrindo à toa com a operação de hoje no Piauí, que esbarra no governador Wellington Dias.

Ver o entorno do petista enrolado com a Justiça era o que o também enrolado com a Justiça Ciro precisava para romper de vez com o petista, de quem é historicamente aliado, e tentar nadar de braçada nas eleições municipais deste ano, adiadas para novembro.

Ciro, que gosta de sobrevoar Teresina de helicóptero e até ilha tem no Delta do Parnaíba, no minúsculo e belo litoral do estado, sonha em ser governador do Piauí e, aos mais próximos, diz que o será em 2022.

O senador, um dos principais maestros do Centrão no Congresso, joga o jogo de Brasília: no início dos anos 2000, endeusou Lula e surfou na popularidade petista nos rincões do Piauí; depois, abraçou Dilma Rousseff, antes de apunhá-la para se unir a Michel Temer, em cujo governo conseguiu emplacar, por exemplo, presidente da Caixa Econômica e ministro da Saúde; agora, depois de fazer campanha para Fernando Haddad, dá tapinha nas costas de Jair Bolsonaro e é afagado por ele.

O presidente da República, aliás, tinha viagem marcada para o Piauí neste mês, como noticiamos. A visita presidencial, tendo Ciro como anfitrião, foi cancelada duas vezes, em razão do fato de Bolsonaro ter anunciado que estava com Covid-19. No lugar dele, foi o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que tirou fotos com a população mais humilde e protagonizou cerimônias de entrega de recursos federais, sempre ao lado de Ciro.

Antes da pandemia, Ciro Nogueira estava pronto para se licenciar do cargo de senador — abrindo espaço no Senado para a própria mãe, que é sua primeira-suplente — e se dedicar exclusivamente às candidaturas de aliados nos municípios piauienses. Em razão das sessões remotas, ele avaliou que não seria mais necessário se licenciar. Ciro mantém um olho em Brasília, mas está na estrada há semanas.

O Piauí tem 224 municípios. Ciro tem dito que fará cerca de 200 prefeitos. E o pior é que ninguém duvida. De crítico ao governo — ele fez campanha para Fernando Haddad, repita-se –, virou queridinho do Palácio do Planalto, emplacando até o chefe de gabinete no FNDE. Com suas articulações, tem conseguido levar milhões para o estado.

“Os prefeitos perceberam que, com o Ciro, não precisam do governador para receber dinheiro. O Ciro tem até prefeito do PT, do grupo do Wellington na mão. É visto como ‘o homem que traz o dinheiro’, como a pessoa que enche os prefeitos de dinheiro. Ele só não será governador em 2022 se for preso. O maior adversário do Ciro é a Lava Jato”, disse um observador da política local.
Esse é mestre seu moço.
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