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* Dia Mundial do Orgasmo...

O Dia Mundial do Orgasmo é comemorado nesta sexta-feira, dia 31 de julho, mas nem todos conseguirão “sextar” como desejado. Instabilidade econômica, preocupação e até falta de vontade são algumas das razões pelas quais 33% dos brasileiros reduziram a frequência em que fazem sexo durante a pandemia do novo coronavírus. A privação chega a afetar o humor dos entrevistados, já que 21% dos que reduziram a frequência das relações afirmaram estar muito mais mal humorados.

Ao mesmo tempo, há quem esteja passando pela pandemia em ótima companhia, ainda que em parcela bem menor. São 13% da população aproveitando de mais sexo neste período, principalmente por terem parceiros fixos, mais tempo disponível e privacidade em casa. Desses, 20% afirmam estar mais bem humorados. Os dados são da pesquisa Opiniões Covid-19, elaborada pela Perception, Engaje! Comunicação e Brazil Panels.
“O sexo é um momento de entrega a experiência do prazer erótico. E, para isso, uma mente receptiva para o momento e relaxada é um dos fatores mais importantes. Nesse cenário de medo e isolamento social, com preocupações das mais diversas, a receptividade e abertura para a vivência do prazer podem ser prejudicadas, sobretudo em contextos em que não há privacidade”, analisa Jordana Parente, ginecologista com aperfeiçoamento em sexualidade humana.
Para os casais confinados, a educadora sexual Renata Mota destaca a importância do diálogo. “Relações que acumulavam faíscas e situações limite podem ter supurado [na pandemia]. Isso impacta diretamente no sexo”, afirma. Recobrar a relação sexual saudável depende da resiliência em cuidar do relacionamento. “Se esse casal tem a capacidade de dialogar, que respire e perceba que a pandemia foi o impulso para discutir o que já vinha sendo essa relação”, sugere.
O orgasmo
O dia 31 de julho foi escolhido como Dia do Orgasmo por várias redes de sex shops britânicas em 1999. Além de aquecer as vendas, o intuito da ação era colocar em pauta o prazer sexual feminino, já que uma pesquisa da época apontou que mais da metade das mulheres não atingiam o clímax durante o sexo.
Infelizmente, esse dado não é muito diferente atualmente. De acordo com uma pesquisa da Archives of Sexual Behaviors, publicada em novembro de 2019, 60% das mulheres em relacionamentos heterrosexuais fingem o orgasmo. Dessas, 55% afirmam que a prática é frequente e por motivos variados, como cansaço, vontade de terminar logo a relação sexual, disfarçar a insegurança ou medo de não chegar a um orgasmo e aumentar a excitação dos parceiros.
Já um estudo do departamento de Transtornos Sexuais Dolorosos Femininos da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que 55% das brasileiras não têm orgasmos durante o sexo.
A razão desse comportamento está bem longe dos estigmas de que mulheres não gostam de sexo. Segundo Jordana, o fato é que tabus e mitos, além repressão histórica em se falar mais abertamente sobre sexo entre as mulheres, as impediram de se autoconhecer. Dessa forma, elas dificilmente conhecem os próprios gostos e formas de alcançar o prazer sexual.
Ao mesmo tempo, homens também têm uma concepção equivocada do que é o orgasmo e como podem atingi-lo. Como explica Renata, muitos acreditam que o orgasmo é o mesmo que ejacular, quando na realidade homens podem ter “orgasmos secos”. “Para um homem ter múltiplos orgasmos, ele precisa aprender a ter controle de ejaculação. Não necessariamente é um problema, mas a pessoa pode melhorar muito sua performance sexual”, comenta.
Por outro lado, apesar de o orgasmo ter um dia só para ele, o sexo não depende dele para ser prazeroso. “Acreditar que uma relação tem que sempre terminar em orgasmo pode acabar trazendo frustrações e tornar aquela relação menos prazerosa do que deveria ser”, alerta Jordana. De acordo com ela, é o ato da entrega e a curtição da intimidade entre os parceiros que torna as relações sexuais mais prazerosas e memoráveis.
“Nós podemos expandir a nossa capacidade de sentir prazer”, concorda Renata. Desde que não seja por algum motivo constante, diz, está tudo bem “brochar”. No entanto, é preciso atentar para as polarizações: mulheres e homens nunca terem orgasmos, homens se sentirem frustrados por não atingir o clímax e mulheres fingindo prazer são situações anormais e que devem ser analisadas.
Prazer mesmo à distância
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de isolamento social. Mas então, como manter as relações sexuais sem poder abusar do toque? A especialista em sexualidade humana Jordana Parente tem a solução: “Se compreendermos sexo como um momento para o recebimento e troca de estimulação erótica entre duas ou mais pessoas, é possível ver isso acontecendo mesmo que não exista o contato físico pele a pele.”
“E de fato, fazer sexo pela internet, seja por mensagens de textos, áudios ou vídeos já é uma realidade para várias pessoas”, completa a profissional. Com consentimento, responsabilidade e entre pessoas adultas e vivas, tudo é permitido: pode ser uma troca de fotos íntimas (chamadas nudes), áudios eróticos ou então uma vídeo chamada sensual. O importante é garantir que a plataforma utilizada é segura e que todos os envolvidos estão cientes e concordam com as trocas. Lembre-se: tudo que vem depois do não ou do silêncio é assédio.
“A gente precisa saber como estimular os nossos desejos no campo virtual e como podemos exercer esses desejos sem nos expor publicamente”, alerta a educadora sexual Renata Mota. “Exercê-los sem nenhum tipo de critério pode nos colocar em risco. Sexo não é uma coisa para ser feita sem responsabilidade e sem planejamento. Ele precisa fundamentalmente dessas duas coisas para se ter segurança e prazer juntos, tanto presencial, quanto virtualmente”, completa.
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