A Universidade Federal do Ceará (UFC) revelou que mais de 300 vítimas de
queimaduras já foram tratadas no Ceará com pele de tilápia desde o início dos
testes em humanos, em 2016. Com os resultados positivos, o
tratamento alternativo se espalhou por outros estados, e no Brasil todo já foram beneficiadas 500 pessoas com
esse curativo de origem animal.
A UFC destacou também que em nenhum desses pacientes houve casos de
rejeição ou infecção. De acordo com a instituição, a diminuição das dores nos
queimados, do tempo de tratamento e dos gastos nos hospitais são as principais
vantagens da pele de tilápia. O tratamento é utilizado principalmente em
queimaduras de segundo grau superficial e profundo e terceiro grau.
O coordenador-geral da pesquisa, Edmar Maciel, explica que as
queimaduras são lesões graves, de difícil tratamento, prolongada internação,
com graves sequelas estéticas, funcionais e psicológicas, prejudicando
especialmente a população mais pobre. Na rede pública brasileira de saúde, os
queimados, há cerca de 60 anos, são usualmente tratados com pomada antibiótica,
que provoca intensa dor com as trocas diárias de curativos, de acordo com o
especialista.
“O tratamento usual com pomada requer muitos profissionais, pois impõe
banhos anestésicos para a dolorosa troca diária de curativos, o que encarece o
serviço. A pele de tilápia elimina ou reduz drasticamente essas trocas”,
reforça Maciel. O tratamento alternativo com a pele de peixe não exige remoção,
o que diminui a dor nos pacientes, uma vez que permanece na ferida até a
completa cicatrização.
A pele de tilápia também gera uma redução de 50% nos custos de
tratamento ambulatorial, informa o médico, que é também presidente do Instituto
de Apoio ao Queimado (IAQ).
Após
a fase pré-clínica, com diversos testes iniciais, a pele de tilápia foi
apresentada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Com a
aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa, o tratamento começou a ser usado em
queimados no Instituto Dr.José Frota (IJF), em Fortalez, sob coordenação do
médico Edmar Maciel.
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