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* Absurdo: Prefeito de Rio Branco demite jornalista que questionou Bolsonaro.

 O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (Progressistas), demitiu o jornalista que questionou o presidente Jair Bolsonaro, em coletiva de imprensa na última quarta-feira, a respeito de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que favoreceu seu filho Flávio (Republicanos-RJ). O presidente se incomodou com a pergunta, e João Renato Jácome foi exonerado no dia seguinte.

Jácome trabalhava como chefe de gabinete na Secretaria de Meio Ambiente de Rio Branco. De folga naquele dia, ele decidiu fazer um trabalho freelancer, sem vínculo empregatício, para o jornal “O Estado de S. Paulo” e cobrir a coletiva de imprensa com Jair Bolsonaro.

Antes que a pergunta fosse concluída, Bolsonaro interrompeu o jornalista, anunciou o encerramento da coletiva e imediatamente se retirou do palanque.

“Presidente, qual a avaliação fez da decisão do STJ, ontem, de derrubar a quebra dos sigilos fiscal e…”, perguntou Jácome a Bolsonaro. “Acabou a entrevista”, respondeu o presidente.

O jornalista se referiu ao julgamento realizado na última terça-feira, em que ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) votaram a favor de um pedido da defesa de Flávio para anular a quebra de sigilo fiscal e bancário do filho do presidente no caso que envolve o ex-assessor Fabrício Queiroz.

— Por conta do rodízio da bandeira vermelha, por conta da covid, naquela quarta eu estava livre e fui trabalhar como jornalista. É uma pena. Mas vamos seguir em frente e trabalhar. Fazer jornalismo — afirmou Jácome ao Globo.

Ao site “Congresso em Foco”, o prefeito Tião Bocalom, que foi apoiado por Bolsonaro na eleição municipal, disse que não demitiu Jácome pela pergunta feita a Bolsonaro.

“Eu o demiti porque ele estava em horário de serviço, trabalhando para o jornal Estadão. Como comissionado ele não poderia fazer isso. Ele diz que estava de folga, folga de quê? Não tem folga, não”, declarou.

Procurada, a prefeitura ainda não retornou ao contato.

Absurdo pois o jornalista não perguntou nada demais.
O Globo

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