O governo brasileiro recusou onze ofertas formais de fornecimento de vacinas contra a Covid. O método do Ministério da Saúde para dizer não sempre foi o de ignorar as propostas. O número leva em conta apenas os episódios em que há comprovação documental da omissão governamental e já é de conhecimento dos senadores que vão compor a CPI.
O placar deve crescer
ao longo das investigações, já que um dos objetivos da comissão é apontar no
relatório final o número de vezes em que o governo disse não à única solução
para prevenir a doença.
Não ao Butantan
Das onze recusas conhecidas e que podem ser provadas com
documentos, seis são referentes à Coronavc. Há três ofícios assinados pelo
diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, oferecendo o imunizante. O
primeiro, datado de 30 de julho de 2020, e o segundo, de 18 de agosto, ficaram
sem resposta. O terceiro documento foi entregue pessoalmente em 7 de outubro
por Dimas Covas, ao ministro da saúde, o general Pazuello.
Como os documentos não tinham resposta, o
Instituto Butantan realizou três videoconferências com integrantes do
Ministério da Saúde para fazer a oferta. Nada andou. Os documentos com as
provas da sabotagem do governo federal à Coronavac já estão separados numa
gaveta do Instituto Butantan, aguardando apenas um pedido formal da CPI para
serem entregues.
Não à Pfizer
Há ainda mais três
ofertas formais feitas pelo laboratório Pfizer. A primeira delas foi feita em
agosto de 2020, quando a farmacêutica colocou à disposição do Brasil 70 milhões
de doses para serem entregues em dezembro. As outras duas ofertas formais,
feitas através de documentos, foram confirmadas pelo laboratório. Segundo o
ex-secretário de comunicação, Fabio Wajngarten, como o Ministério ignorava as
propostas, exatamente como fez com o Butantan, ele próprio abriu as portas do
Palácio do Planalto para uma negociação formal com o presidente da República e
o ministro da Economia, Paulo Guedes. Também não andou.
Não à Covax Facility
O senador Randolfe Rodrigues, autor do requerimento da CPI acrescenta à contagem as duas vezes que o governo Jair Bolsonaro se recusou a participar consórcio da Covax Facility.
Segundo o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, o Brasil só aderiu no terceiro convite para aquisição de 212 milhões de doses. O acordo era visto pelo Ministério das Relações Exteriores como uma atitude globalista, portanto nociva ao país. O número de doses foi reduzido a pedido do governo brasileiro.
Burro na cabeça
Esse humilde blog
observa que já são onze recusas. Onze. No jogo do bicho, 11 é a dezena do
burro. Sim, o governo Bolsonaro foi burro, para dizer o mínimo, ao recusar
tantas ofertas de vacina. Mas para ser coerente com a retórica do governo, o
certo seria que o número de recusas variasse entre 57 e 60, dezenas do jacaré.
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