O agricultor José André da Silva está investindo no cultivo do feijão verde em uma área de um hectare da sua propriedade, localizada no Assentamento Sumidouro, em Baraúna, no Oeste potiguar. Mas uma diferença marca a produção dele, para o que ele aprendeu com o pai: o uso da irrigação na produção.
O cultivo do feijão irrigado tem se firmado
entre os mais importantes na agricultura familiar, em Baraúna. Segundo a
Empresa de Pesquisas Agropecuárias do Rio Grande do Norte (Emparn), em algumas
épocas do ano, a área de cultivo irrigada do feijão verde chega a ser de até
200 hectares. Para os agricultores, o plantio representa 30% da renda familiar.
Por enquanto, a plantação do feijão da
variedade paulistinha, de André, ainda está em fase de desenvolvimento. Daqui a
algumas semanas, as vagens começam a crescer e poderão ser colhidas com o
feijão ainda verde. A área deverá produzir em média 5.000 kg do grão.
"Eu sempre plantei feijão com meu
pai, desde pequeno. O feijão irrigado está sendo novo para mim. Esse é o meu
terceiro ciclo e é bom demais. É um feijão de qualidade que dá orgulho da gente
trabalhar", conta.
Em outras épocas, essa mesma área é utilizada para o plantio de
outras culturas como a melancia, também tradicional da região de Baraúna. Nesta
época do ano, durante o período chuvoso, o feijão irrigado disputa lugar no
mercado com o chamado plantio de inverno - aquele feijão plantado que depende
exclusivamente da chuva para crescer. Mesmo assim, o preço que tende a baixar
ainda segue satisfatório para André, que vende a produção para atravessadores.
"Agora no inverno o preço baixou um
pouco. Estou vendendo a R$1,50 o kg. Mas na época do verão, a gente chega a
vender a R$ 2,50. É um preço bom", considera.
Quem também produz o feijão verde
irrigado é o agricultor Aderson Bezerra. O cultivo nas terras dele, no
Assentamento Poço Baraúna, começou há mais de 20 anos. De lá pra cá, o feijão
tem ganhado um papel significativo em meio às outras produções. Na propriedade
dele, o grão é plantado em consórcio com outros cultivos. As carreiras de
feijão dividem o solo com bananeiras e pés de milho.
"O feijão é uma cultura muito
importante para o nosso município, tendo em vista que grande parte dos pequenos
produtores planta o grão. Todos estão produzindo bastante e o mercado é muito
bom. Até porque todo mundo consome feijão verde", conta Izac Abreu Júnior,
que é extensionista do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural
(Emater).
Além dos benefícios para o bolso, o cultivo do feijão também faz
bem ao solo. Segundo o especialista, o feijão é importante na rotação de outras
culturas. "Quando você planta o feijão, o solo se regenera. O pé de feijão
funciona como uma planta regeneradora do solo", diz.
O feijão irrigado também trouxe
benefícios à vida da agricultora Dorotéia Medeiros. Acostumada à vida no campo,
há 10 anos ela e família começaram a investir no plantio irrigado. Hoje,
participa do ciclo completo. Planta, colhe e vende toda a produção.
"Todos
os dias eu saio da zona rural e vou até o centro de Baraúna para vender o
feijão verde. São 7 km todos os dias que eu percorro. O feijão verde mudou a
minha vida e a da minha família. Depois que começamos a plantar irrigado,
ajudou muito na nossa renda", revela.
A venda de toda a produção ficou mais fácil depois que
a agricultura conseguiu adquirir essa máquina que faz a debulha do feijão de
forma automática. As vagens são colocadas no equipamento e em poucos minutos o
feijão tá pronto para ser empacotado e vendido. O bagaço que sobra também não
se perde é vendido aos criadores de animais para alimentar o rebanho. Com a
máquina, a agricultora também conseguiu outra oportunidade. A debulhadeira é
usada por outros produtores da região.
"Antigamente, a gente passava uma tarde e uma
noite pra debulhar 50kg de feijão e mesmo assim tinha que ter ajuda de muitas
pessoas. Hoje em dia, a máquina faz tudo sozinha e é muito rápido. Além disso,
eu também trabalho com o serviço da debulha para outros produtores que vem aqui
usar a máquina. Então é mais uma renda extra graças ao feijão verde".
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