O presidente
da CPI da Covid, senador Omar Aziz
(PSD-AM), se pronunciou, nesta sexta-feira (4/6), sobre a reportagem divulgada pelo Metrópoles que comprova
a existência de um “ministério paralelo” no governo federal para
o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
Em vídeo enviado à
reportagem, Aziz afirma que o conteúdo corrobora algo já levantado pelo
colegiado, de que o grupo em questão era o responsável por instruir o
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre as medidas de combate à crise
sanitária.
O presidente da CPI da Covid afirma
que o gabinete paralelo “é responsável pelas vidas de muitas pessoas que foram
perdidas para a Covid-19”. “O gabinete paralelo ditava a tua saúde, a minha
saúde; quem ia morrer e quem ia viver. Isso é o saldo que nós temos hoje”,
frisou.
“Neste momento, muitos brasileiros
estão estarrecidos quando olham um vídeo desses. Nós, que estamos na CPI, já
sabíamos que existia um gabinete paralelo. [O vídeo é] Uma prova maior ainda
que ele existe e, o pior de tudo, que no dia 8 de setembro tanto a Pfizer
quanto o Butantan já tinham oferecido vacinas para o Brasil, e o Brasil não
respondeu. Até dezembro, foram mais de 53 e-mails mandados ao Ministério da
Saúde pela Pfizer, e não responderam”, acrescentou.
“Pode atacar a gente, pode atacar a
CPI. Não vão nos derrubar. Estamos botando fatos, e fatos verdadeiros, e um
deles é esse, em que, pasmem, senhores e senhoras, o ministro da Saúde não está
presente. O ministro, que tem que implementar a política macro no Brasil sobre
saúde para evitar mortes, não está presente”, disse.
O parlamentar afirmou que os ataques
que sofre de apoiadores do mandatário da República não vão lhe “tirar um
milímetro [da postura] de falar e descobrir a verdade”. “Nós estamos chegando”,
finalizou Aziz, que preside o colegiado.
“Ministério
paralelo”
Imagens obtidas pelo Metrópoles e divulgadas nesta sexta mostram
o aconselhamento do chamado “ministério paralelo” sendo feito
diretamente ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – com trechos explícitos
de ressalvas à aplicação de vacinas. Trechos de uma reunião, ocorrida em 8 de
setembro, também confirmam que Arthur Weintraub
intermediava os contatos entre o grupo e o Palácio do Planalto.
Entre os participantes do encontro, estão a imunologista Nise Yamaguchi,
o deputado Osmar Terra,
o virologista Paolo Zanoto e outros médicos de diversas especialidades.
Confinados em uma sala de reuniões do Planalto, nenhum dos profissionais usa
máscara.
As imagens também apontam Osmar Terra como o cacique intelectual do
grupo. “Uma honra trabalhar com o senhor neste período”, disse Nise Yamaguchi
ao deputado. Na CPI da Pandemia, a médica negou a existência de um gabinete
paralelo e disse que prestava apenas “aconselhamento”.
Tratado com deferência especial, Paolo Zanoto parece ter intimidade com
Bolsonaro. O chefe do Executivo faz questão de que o virologista saia da
plateia e se sente ao seu lado. Para cumprimentá-lo, o presidente da República
bate continência.
Na ocasião, Zanoto aconselha o mandatário a tomar “extremo cuidado” com
imunizantes contra a Covid-19. “Não tem condição de qualquer vacina estar
realisticamente na fase 3”, diz. Na data do encontro, e-mails da Pfizer estavam
sem resposta nos computadores do Ministério da Saúde.
A orientação antivacina prossegue. “Com todo respeito, eu acho que a gente tem de ter vacina, ou talvez não”, pontua o virologista, enquanto uma médica balança a cabeça de forma negativa. Zanoto baseia sua argumentação em um suposto problema do coronavírus no desenvolvimento vacinal, sem apresentar qualquer evidência.
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