Em seus depoimentos o que menos se vê são os
serviçais entregando o chefe. Lealdade não falta. Pode faltar tempo e um pouco
de coragem para confessar aquilo que se sabe e também aquilo que se fez parte.
O ex-capitão se equilibra para atender a todos. Um cargo de segundo escalão
aqui. Um afago ali. Uma promessa de futuro que pode nunca chegar. O limite está
na sede do Centrão. Eles vão ficar com tanto espaço que é provável que não
exista onde alojar os companheiros de longa data.
O ex-policial Fabrício Queiroz, amarga um bom tempo de bico
calado. Ele é apontado como o braço direito do clã no gerenciamento das
rachadinhas de Flávio Bolsonaro. Queiroz foi protegido pelo advogado da
família, Frederick Wassef, que o escondeu em uma de suas casas em Atibaia, no interior
de São Paulo. Depois de preso e de algumas mensagens de sua esposa Márcia
vazarem, o temor é grande e o objetivo é para manter Queiroz o mais silencioso
possível. Algo que foi alcançado com sucesso, pelo menos provisoriamente.
Em mensagens enigmáticas, por meio das redes sociais, Queiroz
mandou recentemente um recado para o presidente. Ele quer participar do
governo. Pesa a queda de rendimentos do amigo do presidente, que teve a vida
devassada com a ascensão de Bolsonaro ao poder. Ainda que o ex-policial receba
bons vencimentos da aposentadoria na Polícia Militar do Rio de Janeiro, é
provável que os valores sejam inferiores aos que estava acostumado a receber
quando estava a serviço do clã. Nas ameaças veladas, Queiroz diz ter uma
“metralhadora cheia de balas” e se incomoda com o fato de ter sido abandonado.
São comuns as fotos que o amigo aparece com o presidente. Em liberdade há cerca
de quatro meses, Queiroz talvez conte como um cargo no Planalto: isso seria
conveniente para manter a lealdade?
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