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* Câmara pagou viagem de lua de mel de Bolsonaro.

“Jair e Michelle se casaram no civil em Brasília, no dia 28 de novembro de 2007, uma quarta-feira. Sem alarde, rubricaram os papeis em um cartório na W-3 Sul, em Brasília. (...) No dia seguinte ao matrimônio, o deputado e a esposa viajaram para Foz do Iguaçu (PR). Pegaram um voo da companhia aérea Gol, com parada em Curitiba. Os bilhetes custaram R$ 1.729,24, em valores da época, quitados com a quota parlamentar – verba destinada a ressarcimento de gastos do mandato dos congressistas”.

Ou seja: foi a Câmara dos Deputados que pagou as passagens da viagem de lua de mel do casal hoje formado pelo presidente Jair Bolsonaro e pela primeira-dama, Michelle. E não foi a única vez que a família do presidente se valeu do dinheiro público para fazer viagens particulares. Seus filhos parlamentares foram a praias do Nordeste e de Santa Catarina com passagens pagas pelo Congresso, levando as suas parceiras. Seu filho Jair Renan também. E familiares de Michelle Bolsonaro. E o presidente não está na lista de parlamentares que devolveram o dinheiro do erário usado para turismo.

Em detalhes, a história é contada no livro Nas Asas da Mamata – A história secreta da farra das passagens no Congresso Nacional, publicado pela Editora Matrix, que será lançado na próxima terça-feira (17). Com novos capítulos além do que foi revelado na série de reportagens em 2009. A história que envolve o casal hoje formado pelo presidente e pela primeira-dama é um dos novos episódios exclusivos que Eduardo Militão, Eumano Silva, Lúcio Lambranho e Edson Sardinha – os autores tanto das reportagens originais quanto do livro agora – contam na edição.

O livro também mostra que o hoje senador Flávio Bolsonaro e o vereador carioca Carlos Bolsonaro também voaram por conta da Câmara, utilizando a cota do pai. Procurado pelos autores do livro, Bolsonaro não se manifestou sobre o assunto.

O atual presidente é um dos políticos envolvidos em um dos maiores escândalos políticos do país desde a redemocratização, quando se considera o número de envolvidos. O episódio conhecido como “farra das passagens” foi revelado pelo Congresso em Foco em série de reportagens publicada em 2009. Um número imensamente maior de alvos investigados que a Operação Lava Jato e a CPI do Orçamento. A diferença, no caso da farra, é que ninguém foi punido e só uns poucos devolveram o dinheiro.

“O que aconteceu entre janeiro de 2007 e fevereiro de 2009 é uma das mais eloquentes demonstrações da mistura que há entre o público e o privado na elite política brasileira. Aparentemente, boa parte dos parlamentares não via problema em se valer de dinheiro público para fazer turismo”, diz Edson Sardinha, um dos autores do livro e diretor de redação do Congresso em Foco.

Esse num vale nada seu moço.

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