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* Insatisfeitos com o Planalto...

Declarações fortes e gestos silenciosos da semana passada revelam que dois dos três principais partidos do Centrão que sustentam o presidente Jair Bolsonaro no Congresso decidiram escancarar sua insatisfação com o Planalto. Enquanto Ciro Nogueira e Arthur Lira, do PP, elevam a sua influência a cada dia que passa, o PL, de Valdemar Costa Neto, e o Republicanos, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, não escondem mais a possibilidade de abandono do projeto da reeleição em 2022.

Nos últimos dias, dois deputados do PL expuseram nas redes críticas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, antes restritas às rodas de conversas de parlamentares. Altineu Côrtes, líder da legenda no Rio, disparou para a sua lista de contatos no WhatsApp um vídeo pedindo a saída de Guedes por minimizar o aumento nas contas de luz. “Olha, ministro, o senhor está atrapalhando o governo Bolsonaro”, disse. No mesmo dia, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (AM), foi ao Twitter e também atacou Guedes, por sua “desconexão com a realidade do povo”.

O PL está incomodado com Bolsonaro depois de entender que a nomeação de Flávia Arruda na Secretaria de Governo, em março, pouco significou para a sigla. Em um primeiro momento, o antecessor de Flávia na pasta, o ministro Luiz Eduardo Ramos, não a deixou fazer todas as nomeações que gostaria na articulação política. Depois, com a chegada de Ciro Nogueira à chefia da Casa Civil, a ministra perdeu de vez a chance de exercer qualquer protagonismo na relação do Planalto com o Congresso.

Em conversas, o PL externa abertamente que quer mais espaço no governo. Ao longo do ano, Altineu Côrtes já defendeu a recriação do Ministério do Esporte, hoje uma secretaria na pasta da Cidadania. A ideia, contudo, jamais avançou. Foi, aliás, justamente de um nome consagrado do esporte brasileiro que surgiu mais um petardo recente do PL contra um integrante da equipe de Bolsonaro. Há duas semanas, revoltado com a fala do ministro da Educação, Milton Ribeiro, que disse que a convivência de crianças com necessidades especiais atrapalha as outras, o senador Romário (RJ) o chamou de “imbecil” para os seus seguidores no Twitter.

Centrão cobra caro pelo apoio seu moço.
O Globo

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