O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta quarta-feira (4) a inclusão do presidente Jair Bolsonaro como investigado no inquérito que apura a divulgação de informações falsas.
A decisão de Moraes
atende ao pedido aprovado por unanimidade pelos ministros do TSE na sessão
desta segunda(2).
A investigação
criminal pode, posteriormente, tornar Bolsonaro inelegível. Isso só ocorre, no
entanto, se:
·
o Ministério Público entender ao fim da apuração que há
elementos para acusação formal (denúncia);
·
a Câmara dos Deputados aprovar, pelo voto favorável de 2/3 dos
deputados, o prosseguimento do processo, e
·
houver condenação no STF, onde tramitam ações sobre o
presidente.
Ataques às urnas
A
apuração leva em conta os ataques, sem provas, feitos pelo presidente às urnas
eletrônicas e ao sistema eleitoral do país. Mesmo após ser eleito, Bolsonaro
tem feito nos últimos três anos reiteradas declarações colocando em dúvida a
lisura do processo eleitoral.
Nas últimas semanas, o
presidente subiu o tom e chegou ameaçar a não realização de eleições caso não
seja aprovada uma proposta de emenda à Constituição que garanta a impressão do
voto na urna eletrônica.
A notícia-crime,
assinada pelo presidente da Corte Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso,
encaminha para investigação a live do presidente Bolsonaro da última
quinta-feira (29) sobre o tema.
Na última
quinta-feira, Bolsonaro fez uma live nas redes sociais que tinha o objetivo de
demonstrar as supostas falhas das urnas. Mas, ao lado do ministro da Justiça,
Anderson Torres, Bolsonaro teve de reconhecer que não tem provas da ocorrência
de nenhuma fraude no sistema.
Na ocasião, o
presidente se limitou a apresentar teorias antigas e comprovadamente falsas que
circulam na internet sobre a urna - todas já desmentidas pelo Tribunal Superior
Eleitoral e por serviços de checagem da imprensa. Durante a live, Bolsonaro
também fez elogios aos ministros do governo dele e críticas à oposição, à
imprensa e ao Supremo Tribunal Federal.
Nas declarações sobre o voto impresso e as urnas, o presidente também tem
criticado ministros do tribunal, como o presidente do Tribunal Superior
Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso.
O inquérito das fake
news foi aberto em março de 2019, por decisão do então presidente da Corte,
ministro Dias Toffoli, para investigar notícias fraudulentas, ofensas e ameaças
a ministros do Supremo Tribunal Federal. O ministro Alexandre de Moraes é o
relator da investigação.
Inquérito administrativo
Além
de pedir a inclusão de Bolsonaro no inquérito do Supremo, os ministros do TSE
também aprovaram por unanimidade a abertura de um inquérito administrativo, no
âmbito da Corte, para apurar ataques à legitimidade das eleições.
A proposta partiu do
corregedor eleitoral, ministro Luís Felipe Salomão. Serão investigadas
infrações como corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos, abuso de
poder político e econômico e propaganda fora do período de eleições.
Ao apresentar seu
apoio à proposta, o ministro Alexandre de Moraes ressaltou que “com a
democracia não se brinca, não se joga”.
Assim como a
investigação criminal, este inquérito também pode gerar inelegibilidade ao
presidente Bolsonaro - por abrir espaço para multas na Justiça Eleitoral, além
de servir como base para a contestação de um eventual registro de candidatura
de Bolsonaro à reeleição. O registro de candidaturas, feito em agosto do ano
eleitoral, é contestado por iniciativa do Ministério Público, de partidos
políticos ou por candidatos.
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