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* Medina desiste da 1ª etapa do Mundial de Surfe para cuidar da saúde mental: “Cheguei no meu limite”.

 Atual campeão mundial, o brasileiro Gabriel Medina está fora da primeira disputa da temporada 2022 do Circuito Mundial de Surfe. Ele vai abrir mão de competir na tradicional etapa de Pipeline, no Havaí, para cuidar de sua saúde mental. A janela de competição abre no sábado e ele será substituído por Caio Ibelli.

O surfista surpreendeu a WSL (Liga Mundial de Surfe, na sigla em inglês) ao comunicar sua ausência da etapa. Mas a entidade entendeu as dificuldades do atleta de Maresias e já está montando um novo chaveamento contando com a ausência de Medina. Além dele, outro brasileiro que não estará é Yago Dora, machucado.

“Essa foi uma decisão difícil, acredito que uma das mais difíceis que já tomei. Eu vou me ausentar das primeiras etapas de 2022. Por mais que eu queira estar na água surfando e competindo, eu não estou bem física e emocionalmente para isso. E reconhecer que cheguei ao limite tem sido um processo duro”, disse o surfista.

A questão sobre a saúde mental dos atletas vem gerando um debate importante no esporte mundial desde que a ginasta Simone Biles, cotada para ser o grande nome nos Jogos de Tóquio, abriu mão de competir para cuidar de sua cabeça. Desde então, o tema deixou de ser tabu entre muitos atletas.

“No final do ano passado, eu lesionei o meu quadril. Desde então, estava fazendo fisioterapia, tomei a vacina e venho me cuidando para estar bem para esse ano. No entanto, ainda não estou 100%. Somado ao corpo vem a mente, que também não está na melhor fase. Venho de meses desgastantes. E eu preciso olhar para mim nesse momento e me cuidar”, afirmou Medina.

“Para quem não está bem, tomar uma decisão como essa não é fácil. Eu me questionei mil vezes se eu deveria me expor ou não. Se eu comunicaria apenas que não competiria por meio de uma nota oficial mais formal… Mas eu não acho justo. E porque também não tenho motivos para esconder. A saúde física é muito importante, mas a saúde mental é tão importante quanto. Não tem como estar 100% se uma não está alinhada com a outra”, continuou.

O surfista revelou que já está se tratando e se cuidando. “Vou priorizar a minha saúde nesse momento. Estou empenhado e focado para voltar bem e encontrar vocês assim que eu estiver pronto. Desde já eu agradeço a atenção, a compreensão e o carinho dos meus fãs, da imprensa e o respeito dos meus patrocinadores.”

“A saúde e a segurança de nossos atletas são de extrema importância e apoiamos totalmente a decisão de Gabriel de priorizar seu bem-estar”, disse Erik Logan, CEO da WSL. “Queremos colocar os melhores surfistas do mundo na frente de nossos fãs para começar a temporada, mas certamente respeitamos sua decisão e estaremos aqui para recebê-lo de volta quando ele estiver pronto.”

Medina vem de um ano tumultuado em sua carreira e também na vida pessoal. Em 2021, ele arrasou no Circuito e ficou com o título dando show. Mas ficou aquém do esperado na Olimpíada de Tóquio, saindo sem medalhas após perder na semifinal e na disputa do bronze. Ele ainda contestou as notas que recebeu na semifinal da disputa no Japão, contra Kanoa Igarashi.

Longe das competições, ele enfrentou questões familiares. Rompeu com Charles Saldanha, seu padrasto e técnico durante toda a sua carreira até então, e teve grandes desavenças com a mãe Simone. Isso tudo culminou na parada de seu projeto social em Maresias. Por outro lado, contratou o australiano Andy King como seu novo treinador e se reaproximou do pai biológico.

Pouco antes da Olimpíada, ele teve divergências com o Comitê Olímpico do Brasil (COB). O surfista teve negado seu pedido para credenciar a esposa Yasmin Brunet como membro de sua equipe técnica para a Olimpíada. A entidade havia informado aos atletas que só liberaria uma pessoa como acompanhante no Japão, em razão das medidas restritivas impostas pelos Jogos Olímpicos devido à pandemia.

Grave...
IstoÉ com Estadão Conteúdo

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